Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Violência contra a mulher: o feminicídio no Brasil.

Redação enviada em 09/03/2018

No início da década de oitenta, Maria da Penha, mulher comum, brasileira, sobrevivente de duas tentativas brutais de assassinato cometidas pelo seu então marido, resolveu terminar o casamento e denunciar seu agressor. Após longa jornada jurídica, seu caso e seu nome homenageiam a lei 11.340 do Código Penal Brasileiro, então dedicada ao enfrentamento à violência contra mulheres. Entretanto, apesar da aplicação do referido código, cresce cada vez mais o número de mulheres vítimas de agressão no país. As razões para que esse tipo de crime continue a ocorrer, mesmo com a aplicação de medidas legais contra os infratores, são histórico-culturais. Segundo Leonardo Nunes da Cunha, advogado e historiador especialista em relações sociais, a sociedade brasileira, desde seus primórdios, sustenta um modelo familiar patriarcal, no qual o paternalismo apresenta-se como uma sofiaticada ferramenta de dominação. Segundo essa linha de raciocínio, o homem assume uma posição de poder e superioridade perante sua companheira, fazendo-a crer que é inferior a ele. Consequentemente, a relação matrimonial, muitas vezes, é regida pelo mecanismo de submissão, no qual o marido, se desrespeitado, acredita ter o direito de corrigir e punir sua companheira. Por causa disso, parceiros e ex-parceiros íntimos são, hoje, os principais assassinos de mulheres no mundo. Além do mais, as estatísticas publicadas pela Organização Mundial da Saúde comprovam que o feminicídio, categoria de crime de ódio baseado no gênero, é uma das maiores ameaças à integridade da mulher. Paralelo a isso, muitas mulheres com baixa escolaridade e sem renda própria são obrigadas, muitas vezes, a depender material e financeiramente do companheiro abusador. O medo da fome, do desabrigo e da ausência de recursos para cuidar dos filhos são, momentaneamente, razões suficientes para fazê-las suportar as agressões às quais são submetidas. Existem, também, aquelas que estão emocionalmente cativas de homens manipuladores, especialistas em tolher a autonomia feminina. Nesses casos, o relacionamento mantém-se, frequentemente, devido ao acometimento da mulher pela Síndrome de Estocolmo. Para piorar a situação, a cultura popular apregoa a não intervenção de outrem em desentendimentos conjugais, o que agrava sensivelmente a situação de mulheres fragilizadas demais para pedir socorro. Diante dos fatos, a desigualdade entre gêneros é uma doença que assola a sociedade brasileira e, como qualquer outra patologia, necessita tratamento imediato. Nesse sentido, órgãos públicos responsáveis pela segurança deverão capacitar seus colabores para que esses possam reconhecer e classificar, adequadamente, os casos de feminicídio. Complementarmente, o Ministério da Saúde deverá divulgar campanhas rádio-televisivas para estimular a denúncia de casos de violência doméstica. Aos legisladores, caberá o endurecimento das penas aos agressores, bem como a garantia de que sejam cumpridas. Por fim, compete à toda sociedade garantir que as mulheres, no seu dia a dia, tenham seus direitos assegurados .