Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista. Impulsionado com o potencial de desenvolvimento da nação, o autor escreveu o livro "Brasil, País do Futuro", um lema até hoje repetido. Entretanto, o atual desafio no combate a violência contra mulher em nossa sociedade demonstra que a profecia otimista de Zweig não saiu do papel. Nesse sentido, o aumento dessa violência entrelaça-se com a ineficiência de políticas públicas nesse setor, a qual leva o predomínio e crescimento dessas ações em nosso meio. Em um primeiro plano, devemos esclarecer que a sociedade mudou nas últimas décadas ao se globalizar, porém, o país não acompanhou essa transformação. Isso ocorre devido à escassez de investimento e falta de planejamento político nessa área. Com isso, muitas vítimas não se sentem amparadas e seguras pelo Estado, logo, deixam de denunciar tal agressão e sofrem psicologicamente tanto constrangimento e vergonha moral como medo de acontecer novamente. Além disso, deve-se ressaltar que, culturalmente, há trinta anos não possuíamos uma visão clara e consciênte sobre o motivo de muitas mulheres serem violentadas e como agir diante disso. Isso decorre devido ao despreparo das instituições de ensino em atualizar seus conteúdos programáticos ao contexto atual e aplicá-los em cada realidade. Assim, forma-se uma sociedade pouco crítica e, às vezes, até alienada. Assim, diante desse panorama, o Governo pode atuar investindo e capacitando mais profissionais nessa área, por exemplo, faznendo atendimento prioritário e psicológico eficaz a essa mulher que já se sente frágil diante dessa violência. As escolas podem realizar palestras com participação tanto de vítimas como de agressores que hoje tem o papel de conscientizar a sociedade. Já a mídia consegue atingir de maneira ampla e eficaz as várias camadas sociais, tornando possível disseminar conhecimentos e colocar em prática o otimismo de Zweig.