Título da redação:

Rituais de passagem ou rituais de violência?

Proposta: Trotes universitários

Redação enviada em 25/04/2015

Contemporaneamente, a prática dos tradicionais trotes universitários está cada vez mais frequente nas universidades brasileiras. No entanto, a sua maioria é constituída de barbárie e violência, com o consequente desrespeito à humanidade dos participantes. Assim, ao invés de o trote ser praticado visando à integração social entre calouros e veteranos, está progressivamente servindo como mecanismo de abuso de poder. No passado, durante a Idade Média, a sociedade europeia presenciou a gênese dos trotes universitários. Na atualidade, a sociedade brasileira presencia a ocorrência de violências físicas e psicológicas nesses tradicionais "rituais de passagem". Em geral, grupos de recém-universitários, os calouros, ficam submetidos às humilhações e manipulações das mais variadas praticadas pelos seus colegas universitários, os veteranos. Na maioria das vezes, o jovem calouro se submete ao consumo de álcool em excesso e à exposição de partes íntimas com apologia ao sexo e, por vezes, ao consumo de entorpecentes. Dessa forma, são muitos os estudantes que têm a sua cidadania ameaçada em razão do exercício vertical do poder e do sentimento de superioridade por parte da sua descendência veterana. Nesse cenário, de um lado, veteranos enxergam a oportunidade de vingar tudo que sofreu na universidade. De outro, calouros, com os seus sentimentos de felicidade pela aprovação no vestibular cedendo espaço à sensação de temor em relação ao trote que sofrerá. Todo esse contexto proporciona ao calouro somente duas alternativas de escolha: ou optar por não participar dos trotes universitários com a consequência de ser "marcado" e desprezado pelos seus colegas durante toda a sua permanência na universidade; ou optar por participar, estando, nesse caso, submetido à sociabilização violenta , amoral e antidemocrática que o trote tem representado. Em suma, é importante, e necessário, acabar com as práticas dolorosas dos atuais trotes universitários e estimular aqueles que valorizem a sociabilização entre estudantes de forma saudável e coletiva. Nesse sentido, cabe às instituições universitárias cumprir com as suas responsabilidades de órgão mantenedor da moral e ética, adotando políticas de segurança eficazes e abolindo a permissividade abundante no ambiente universitário. Como também, através de trabalhos sociais, educar estudantes que ferem os limites, uma vez já pré-estabelecidos, dos tradicionais "rituais de passagem".