Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 26/05/2016

Olinda, 1831, Faculdade de Direito, no primeiro trote universitário do país, houve um óbito. As brincadeiras de mau gosto que tais veteranos fazem com os calouros são consideradas um rito, até os dias de hoje, quase dois séculos após o trote inicial. Infelizmente, essas práticas possuem enorme potencial para a violência, gerando não só mortes, mas também humilhações e sofrimentos, banalizados por uma sociedade que erroneamente as vê como uma tradição, ciente de que entrar no ensino superior é sinônimo de enfrentá-las. Segundo a revista Mundo Estranho, a maioria das instituições as proibiu, muito embora ainda se seja ouvido sobre os trotes. Paralelamente, diversos questionamentos são, de maneira constante, feitos no tocante a essas manifestações. Dentre eles, figura a ideia de que, após no mínimo doze anos escolares, o estudante deveria ser bem recebido em sua nova etapa. A escritora Virgínia Woolf acertou, ao afirmar que de tudo que existe, nada é tão estranho quanto às relações humanas, com sua extraordinária irracionalidade, pois o que se vê no início de cada etapa letiva são formas de agressão, física e psicológica, aceitos pela população. A exemplo da Alemanha nazista da década de 30, quando, de acordo com a pensadora Hannah Arendt, houve a banalização do mal – militares, após doutrinação do regime, não se reconheciam praticantes do mal, mas desempenhadores de suas funções -, o mesmo ocorre no Brasil, a título de tradição. Tal exercício revela-se bastante consolidado no imaginário da sociedade, que, mesmo com casos de extrema preocupação, como calouros despidos e internados, para não fazer menção às mortes, não se permite abalar, levando à tolerância de tais práticas. Assim, ano após ano, as angústias enfrentadas por alunos novatos são enganosamente consideradas normalidades. Em virtude das perspectivas apresentadas, pergunta-se ainda se os trotes são condição ‘‘sine qua non’’ para promover integração entre os estudantes, visto que esse processo pode ser realizado por outras vias, como atividades esportivas ou beneficentes, estipuladas pelos próprios alunos. Da mesma forma, o nome das instituições não deve ser envolvido, para que apenas os praticantes arquem com as consequências. Essas manifestações jocosas devem ser consideradas crime, pois atentam contra a democracia, ao pregarem relação de autoritarismo e opressão. Com base nisso, os trotes teriam sua concepção gradualmente alterada, pois, de maneira alguma, há diversão às custas do sofrimento dos outros.