Título da redação:

Paradoxo Cruel

Proposta: Trotes universitários

Redação enviada em 28/08/2015

O trote universitário é um ato de violências que reflete a realidade social. Nele observamos uma relação hierárquica de poder, que contradiz o real sentido de se ingressar numa universidade ( o de aprimoramento das faculdades mentais e morais), configurando-o como um rito de humilhação. As instituições de ensino superior surgiram na Idade Média e, com elas, os trote universitários. No Brasil, ele foi introduzido por estudantes, oriundos da oligarquia dominante, que haviam estudado em Coimbra e que, ao retornarem ao país, trouxeram, além dos diplomas, essa prática medieval. Tal prática, segundo o sociólogo Antônio Almeida, é um microcosmo da sociedade no qual observa-se injustiças, violência, preconceitos e desigualdades, reproduzindo as relações sociais presentes no nosso convívio. Numa visão Durkheimiana, o trote é um "fato social" e, portanto, exerce poder de coerção sobre o indivíduo. Dessa forma, ele é enxergado como algo inerente à iniciação acadêmica. Certamente, essa visão se opõe à verdadeira essência da formação universitária: o desenvolvimento intelectual, profissional, ético e moral. Tal paradoxo é consumado graças à inércia do Estado e das universidades. Como resultado, assistimos todos os anos a um verdadeiro ritual de humilhação: jovens com as cabeças raspadas, com os corpos marcados e submetidos a tratamentos cruéis e vexatórios. Os traumas deixados, físicos e psicológicos, são irreparáveis, alguns desistem do curso, outros, infelizmente, morrem durante essas cerimônias. Fica claro, portanto, o contraponto entre integração social e abuso de poder existentes nos trotes. Cabe ao Governo a criação de leis que proíbam esses atos nas universidades. Além disso, é papel das universidades fiscalizar e coibir (com a criação de comitês antitrotes) qualquer forma de trote, dentro e fora dos seus campi. Assim, esse paradoxo cruel fenecerá.