Título da redação:

O trote universitário e a perpetuação do medievalismo

Proposta: Trotes universitários

Redação enviada em 29/04/2015

As universidades brasileiras têm sido palco de manifestações de barbárie e propagação do medievalismo ao presenciar, de forma passiva, a negação da acepção de humanidade na forma de trotes universitários. Considerados verdadeiros rituais de iniciação, esses são repetidos anualmente de forma que sua continuidade parece perenizar o medo e a violência aos quais os 'calouros' são submetidos. A situação é agravada a ponto de possuir, como uma de suas consequências finais, mortes ocasionadas pelo excesso do consumo de drogas e agressividade pelos veteranos. Os abusos direcionam-se em um sentido retrógrado ao avanço civilizatório: constata-se a disseminação de ideais machistas e autocratas; é, sobretudo, uma cultura de hierarquização e que remete a períodos medievais, o que não condiz com a designação atribuída aos centros universitários atualmente, locais representativos da organização sócio-educacional contemporânea. Nesse sentido, as universidades carecem de coordenação como instituição de associação e coletividade. O que teria como objetivo a iniciação de uma nova fase, acaba por tornar-se ambiente de receios , decepções e divergência em relação à plena integração do estudante à vida universitária. A conjuntura, mantida dessa forma, conduzirá a eventualidades cada vez mais graves e danosas. A modificação de tal ordem perpassa pela contribuição dos agentes envolvidos no processo e na ruptura de práticas tradicionalistas, no intuito de modernizar o relacionamento entre atividades integracionistas e os 'calouros'. As instituições universitárias, com o auxílio de membros governamentais associados ao ensino superior, devem atuar na desarticulação dos trotes e no estabelecimento de normas, de forma a manter a sobriedade da prática. Ademais, o descumprimento das regras estaria passível a punições, associadas ao desligamento da universidade e eventuais advertências às próprias instituições, no caso de inércia frente aos abusos. É preciso modificar concepções acerca dos trotes e da degradação humanitária causada por esses, para que, dessa forma, o desenvolvimento civilizatório seja acompanhado pela práxis universitária.