Título da redação:

Dicotomia não existe, é violência.

Tema de redação: Trotes universitários

Redação enviada em 21/08/2016

No Brasil, os trotes universitários ganharam aspectos dicotômicos diante de uma série de episódios onde alunos têm seus direitos privados violados em ‘brincadeiras’ desumanas. Pois, alunos de graus superiores utilizam do símbolo tradicional dessa ação para ferir a integridade física e psicológica dos calouros, bem como sair ilesos de processo penais. Um dos fatores que promove a permanência da violência nos trotes universitários advém, certamente, de fatores culturais ligados a tradição dos trotes. Pois, tidos como uma forma de inserir e confraternizar os novos alunos a vida acadêmica, a partir de ‘brincadeiras’ mais leves, que parecem saudáveis, como raspar a cabeça, resulta na modernização das práticas e desencadeia em ações cada vez mais violentas. Um exemplo disso aconteceu na Universidade de São Paulo, onde meninas tiveram o corpo queimado por ácidos. Isso tem efeito, muitas vezes, no abandono do curso pelo estudante ou até mesmo em morte. Outro fator que contribui para a persistência da violência nos trotes, indubitavelmente, provém da impunidade, haja vista que o cidadão violado nos seus direitos pode prestar queixa contra seus agressores, porém a Constituição Federal de 1988 não tipifica trote como crime, - pois esse é considerado como tradição nas universidades - e os algozes podem ser liberados. Um exemplo disso, foi o caso ocorrido em 1999, em que um jovem estudante de Medicina foi morto na piscina, e os responsáveis pela morte não foram condenados devidos à morosidade da Lei, fazendo com que essa prática se torne cíclica. Portanto, a dicotomia que representa os trotes atualmente resulta em um único ponto: violência. Por isso, é imprescindível o Estado tomar posição criando uma Lei que puna rigorosamente os agressores, bem como a mídia conscientizar a população e esclarecer os perigos e consequências dos trotes, criando dessa forma, uma recepção saudável aos novos universitários.