Foi no continente europeu, durante a Idade Média, que surgiram os trotes universitários como forma de higiene para evitar a proliferação de doenças nas universidades. Em contrapartida, as brincadeiras utilizadas atualmente nas famosas ´´calouradas`` funcionam como um ritual de passagem do indivíduo, da vida estudantil para a vida acadêmica. Ou seja, o processo de recepção dos calouros por parte dos veteranos foi mantido ao longo do tempo, porém a sua essência foi modificada. No Brasil, as primeiras faculdades foram criadas por volta do século XIX. Não por coincidência, já em 1831 tivemos o primeiro caso de morte decorrente do trote violento em nosso país, na Faculdade de Direito do Recife, onde Francisco Cunha e Meneses foi brutalmente assassinado por outros alunos. Este fato comprova que os atos de crueldade entre estudantes são reforçados pela impunidade existente em relação aos agressores. Ainda nesse contexto, vale ressaltar a importância da comemoração entre os recém-aprovados no vestibular, pois esta é uma maneira tradicional de parabenizá-los. A partir daí devemos compreender que o verdadeiro problema surge quando as pessoas deturpam, na prática, o real significado da festa de integração dos calouros, que acaba por se tornar um momento de tortura. Considerando as evidências citadas acima, faz-se necessária a criação de uma lei federal específica que criminalize os atos de violência durante as ´´calouradas``. Outra medida extremamente eficaz na correção dos problemas apresentados seria a popularização do trote solidário, que além de integrar o jovem no universo acadêmico contribui para causas sociais (arrecadação de roupas, alimentos, brinquedos e outros).