Título da redação:

Por trás da evolução

Tema de redação: Testes em animais: até que ponto o avanço da ciência interfere no direito à vida dos animais?

Redação enviada em 26/06/2015

Na obra ''Memórias Póstumas'' de Machados de Assis, o defunto-autor Brás Cubas diz não ter tido filhos para não transmitir a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua escolha: a posição do homem frente aos animais é de tamanha crueldade que se desfaz de valores éticos em nome da ciência. Reverter esse quadro sem interferir nos avanços da ciência é um desafio que precisa ser superado para que, de fato, a sociedade possa evoluir. É válido destacar que, o Brasil é um país atrasado em relação à tecnologia e a pesquisas científicas. A falta de investimentos nessa área causa dependência do uso de animais como cobaias em experimentos de grandes empresas e indústrias, no entanto, nada justifica a exploração e o sofrimento desses. Jeremy Bentham já dizia: ''Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar, o que importa é que eles são capazes de sofrer''. Todavia, percebemos que o ser humano não aprendeu o legado de Bentham quando deixa claro suas atitudes anti-éticas. Apesar de já existir institutos responsáveis por fiscalizar a utilização de animais em testes, como o Concea ( Conselho nacional de controle de experimentação animal), ainda há casos de maus tratos em muitos laboratórios. O resgate de cães da raça beagle do Instituto Royal, onde ativistas encontraram cães mortos e congelados, além de outros cães com tumores evidencia que esses órgãos, muitas vezes, não cumprem seu papel de proteger os animais contra as dores. Fica claro, portanto, que é necessário combater os experimentos que causam sofrimento nos animais. Para isso é preciso que haja uma conciliação entre pesquisadores e ativistas. O governo e as empresas devem investir em pesquisas científicas e formas alternativas que substituem o uso de animais, como por exemplo as simulações em computadores e tecnologias in vitro. Devem também aperfeiçoar as técnicas já existentes, visando respeito ao animal. Por último, deve fiscalizar os institutos responsáveis, para que tudo esteja em condições certas para realização dos testes. Desse modo, além de não prejudicar a ciência, deixaríamos um legado de que Brás Cubas realmente pudesse se orgulhar.