Título da redação:

Apelo emocional a cobras felpudas

Tema de redação: Testes em animais: até que ponto o avanço da ciência interfere no direito à vida dos animais?

Redação enviada em 12/09/2015

A invasão feita por ativistas ao Instituto Royal, empresa responsável por exames pré-clínicos em toxicologia, trouxe às redes sociais um debate sobre o uso de animais como cobaias em laboratórios. Movidos por uma histeria descontrolada, os manifestantes entraram no prédio e resgataram os animais que eram utilizados em experimentos. O estímulo para a invasão e libertação dos bichos, foram latidos vindos dos cães no interior do prédio. A atitude gerou um frenesi perigoso e irresponsável, além de danos a pesquisas que já estavam em curso. Retirar cobaias de um laboratório, é um ato de irresponsabilidade social e falta de conhecimento de causa. Nesses animais, muitas vezes lhes são induzidas doenças para que possam ser tratadas e estudadas. O ambiente de estudo tem que ser controlado com comida monitorada, temperatura e pressão para que o resultado final tenha valor. Até mesmo o estresse deve ser reduzido. Ao libertar os espécimes, os ativistas não pensaram que poderiam estar lidando com animais portadores de alguma patologia, e que, em contato com outras espécies poderiam desencadear alguma doença, mudanças ecológicas ou efeitos colaterais sérios na sociedade, com danos irreversíveis para o meio ambiente. Tal ato de “heroísmo”, além de prejudicial não vai pôr um fim aos estudos, visto que em muitos países, teste em cobaias é lei antes de ser testado em humanos. Qualquer tratamento ou droga precisa de testes, sem isso ao invés de curar podem até mesmo matar o indivíduo. Nossa tecnologia ainda precisa desses recursos, para que exames sejam seguros e a ciência possa evoluir. Até mesmo produtos vendidos para animais de estimação são testados em outros animais. De outra forma, seremos no final das contas, todos cobaias “in vivo”. Uma população desinformada substitui a sensatez por um apelo emocional, este que se mostra inclusive na preferência de qual animal salvar. Não se vê, nas redes sociais, a mesma euforia com cobras, escorpiões e aranhas nos portões do Instituto Butantan, em São Paulo. Sendo assim, criou-se a imagem do cientista sádico que adora maltratar animais inocentes por prazer. A valorização da vida é sem dúvida, uma das preocupações na comunidade científica. Mas ainda é necessário criar laboratórios comunitários e por em uso os das escolas públicas. Além de estabelecer um padrão metodológico de entrega para trabalhos ainda no ensino fundamental, afim de informar e incentivar o aluno a buscar conteúdo nos meios de pesquisa específicos para ciência. A metodologia científica precisa ser ativa na vida escolar em cada trabalho entregue em sala, assim a ignorância e seus efeitos não terão espaço na sociedade bem informada.