De acordo com Heráclito de Éfeso uma pessoa não pode entrar no mesmo rio duas vezes. Ou seja, ao entrar pela segunda vez, o rio já não será o mesmo. Nesse contexto, ao colocar uma tatuagem, a pele não será mais a mesma e apesar de todos os avanços médicos, a tendência é do convívio com a escolha pelo resto da vida. Desta maneira, faz-se necessário distinguir o uso da tatuagem como um simples modismo ou formação de uma identidade. Esse discernimento é crucial para obtenção da satisfação e do prazer psicossocial da arte utilizada através da pigmentação do corpo. A televisão possui o grande poder de colocar modismo nas coisas. Roupas utilizadas em novelas entram em moda, jargões usados em minisséries viram moda e tatuagens colocadas por celebridades também fazem parte da moda. Diante de tanta exposição, faz parecer atraente ter algo em tanta evidência. Nesse sentido, observa-se que ao ir à praia nos dias atuais e não ver pessoas com tatuagens é raro quando comparado há 20 anos. Mesmo que seja moda ou apenas uma tendência, é preciso ter atenção quando esse objeto em destaque é algo não mutável, ou seja, não da para guardar ou descartar. A tatuagem se torna um desses exemplos, uma vez que, o modismo é dinâmico e variável. Neste cenário, as consequências psicológicas são catastróficas, pois acarreta em frustrações com o entendimento de algo que poderia ter sido evitado. Consequentemente, evitar esta situação e fundamentar o uso da tatuagem como forma de expressão de uma identidade parece ser mais prudente. A utilização desta arte através do corpo é antiga e com relatos na história desde a época dos faraós. Hoje, provavelmente, ganham mais adeptos. Nos quais, muitos deles, utilizam frases que representam um propósito de vida, outros colocam animais com os quais se identificam ou optam por associação de elementos que significam uma característica pessoal. Vale ressaltar, que mesmo levando em consideração a formação de uma identidade, é importante pensar com cuidado, estudar sobre o assunto, ver se a imagem de fato irá representar o desejo, e não usar a impulsividade para execução de uma decisão e assim evitar uma possível frustração. Desta maneira, acredita-se que a maioria das pessoas que optam pelo uso das tatuagens buscam a formação de uma identidade, porém o modismo associado não pode ser descartado ou negligenciado. Cabe ao Estado ampliar e aumentar o rigor para com as fiscalizações dos estúdios de tatuagem. Cabe à mídia, através dos telejornais e rádios alertar a população para a necessidade das certificações e riscos para a saúde. Por meio das novelas, evidenciar o impacto do modismo na colocação de uma tatuagem e expor os riscos para o corpo se não colocado em local adequado. À sociedade, cabe estudar, ler e pesquisar através da internet sobre o assunto, abrir os horizontes contra o preconceito e caso decida usar o corpo como forma de expressão, tomar uma decisão bem pensada.