Título da redação:

Marcados à tinta

Proposta: Tatuagem: modismo ou formação de identidade

Redação enviada em 30/11/2016

A tatuagem, ao longo da História, passou por diversos significados e ainda hoje possui relevância em nossa sociedade. Atualmente pode constituir-se como forma de construção da identidade. Apesar disso, alguns aderem a essa prática por mero modismo. Sem dúvida, não trata-se de um fenômeno recente, um vez que registros antropológicos a datam desde o Neolítico. Já caracterizou-se também como símbolo de distinção social entre tribos astecas e também foi cruelmente utilizada pelos nazistas para marcar na pele os prisioneiros judeus nos campos de extermínio. Essas transformações de significados pelas quais a tatuagem passou - e ainda passa - revela seu valor histórico cujo sentido é construído pelos homens. No contexto atual, no entanto, a prática de tatuar-se é cada vez mais banalizada na aldeia global em que vivemos. Nessa perspectiva, a mídia e o sistema capitalista tornaram os desenhos permanentes como mais um produto da indústria cultural, em que tudo se reduz a uma mercadoria. Basta um ícone pop da música norte-americana aparecer com uma tatoo que a legião de fãs e seguidores a imitam sem nem saber o que tal tatuagem significa. Esse modismo é prejudicial, dado que esvazia de significado um símbolo que poderia consolidar a imagem que uma pessoa tem de si mesma e favorecer a busca pela própria identidade. Nesse sentido, tatuar-se muitas vezes pode traduzir um desejo de aceitação social. Ou seja, a ânsia por pertencimento a um grupo pode levar uma pessoa a marcar o corpo por influência de amigos, familiares e mídia. Em contrapartida, há pessoas que se tatuam como uma forma de expressão corporal e artística, visto que as imagens tatuadas podem revelar ideias, pensamentos e formas de ser. A arte no corpo, portanto, corresponde a uma necessidade humana de comunicação, seja fomentada por modismo ou pela busca de identidade. Os símbolos e desenhos marcados à tinta na derme expressam uma vontade autoafirmação. Cabe a cada cidadão entender o significado de suas tatuagens a fim de não banalizar essa arte, assim como não reduzi-la a apenas mais um produto de consumo em série da lógica capitalista.