Título da redação:

Mais uma tela em branco: o corpo.

Proposta: Tatuagem: modismo ou formação de identidade

Redação enviada em 16/04/2016

Uma andorinha no pulso esquerdo, três corações no ponto mais alto da nuca, um símbolo tribal ao longo do braço. Em pleno século XXI o ato de adornar o próprio corpo apresenta-se como uma verdadeira epidemia da sociedade contemporânea, marcando tendência unânime para qualquer tipo social. Jovens, adultos, adolescentes e até os que se encontram no fim da primavera da idade são atraídos cada vez mais para a ideia de incrementar seu corpo por meio de figuras ou imagens. Originada em um passado distante visando confirmar a participação a determinados grupos sociais, a tatuagem vem ganhando espaço progressivamente como principal ferramenta para a auto-afirmação humana, qual indivíduo tenta passar para o plano físico o que se passa em seu psicológico. O que anteriormente era usado como instrumento para etiquetização do indivíduo - que atribuía ao seu corpo imagens a fim de passar uma mensagem de alerta ou concretizar seu papel social -, adquire cada vez mais valor artístico devido ao rebuscamento de formas para que a personalidade , as ideologias e as demais mensagens pessoais que o indivíduo quer passar para a sociedade não fiquem despercebidos. O corpo dessa forma torna-se uma verdadeira tela em branco, deixando para o homem campo aberto para transformar-se em sua obra de arte prima. Diante disso, o ato de tatuar-se torna-se crescentemente mais popular entre jovens, que enxergam nesse meio uma forma fascinantemente radical de fuga ao cotidiano com a chance de fixar sua personalidade em seu auge da metamorfose. Assim, como as demais artes, encontram uma forma diferenciada de expressão de seu conflito interno, o que, se não feito de forma moderada, pode levar, em atos de impulso, à fixação de pensamentos não duradouros em virtude à permanência da marca adquirida. Em consequência disso temos uma incontável porcentagem de adultos arrependidos com as marcas e símbolos adquiridos na juventude em impulsivamente e que não refletem mais sua visão de mundo devido a inconstância que é o universo psicológico humano. Dessa forma torna-se clara uma demanda em prol ao controle do manuseio da tatuagem corporal, principalmente na adolescência, uma vez que seu excesso pode, além de um eventual arrependimento futuro, levar ao vício, e, por tratar-se de uma ação direta sobre o corpo - estrutura altamente delicada -, pode levar a grandes sequelas físicas no futuro. É necessário, portanto, uma conscientização individual adequada ao tatuar-se, que pode ser auxiliada eficientemente por um suporte familiar ou por campanhas da mídia, levando a tatuagem como um ato de extenso planejamento e não como algo fútil e imediato, assim evitando que uma alegria instantânea se torne um mártir atemporal.