De um lado, a criminalidade cada vez maior trazendo uma ânsia coletiva por punições, do outro um sistema carcerário que falha na proposta de reabilitar aqueles que o integram. Não é difícil notar que a segurança pública no Brasil tem passado por um verdadeiro dilema. Compreender a escalada da violência como um processo contínuo e buscar os seus porquês são, neste cenário, exercícios fundamentais para se tentar mitigar o problema. Parece claro para todos que uma sociedade moderna e que almeja ser segura, deve contar com um aparato punitivo às práticas delituosas, sobretudo para coibi-las. No entanto, é preciso olhar além. Atualmente o Brasil conta com uma das maiores populações carcerárias do planeta e ainda assim continua com altos índices de violência. Constantemente, o que se vê em determinados setores da sociedade, é um clamor por punições mais pesadas e aumento da quantidade de presídios, para que os criminosos fiquem o máximo de tempo possível atrás das grades, ignorando, inclusive, fatos relevantes como o que a maioria da população carcerária brasileira está reclusa por pequenos delitos. A solução não é simples, mas é certo que é preciso ganhar estas pessoas antes de perdê-las. Políticas de integração social e um sistema educacional eficiente, inclusive dentro dos próprios estabelecimentos carcerários se fazem mais que necessários, conforme atestam os exemplos de alguns países que conseguiram reduzir consideravelmente suas quantidades de pessoas reclusas. Quando as pessoas tiverem mais oportunidades de vida, mais acesso a um convívio social adequado, e por consequência, seguir no caminho da criminalidade for uma opção menos atraente, certamente o jogo começará a virar e então passaremos a nos preocupar mais com o que fazer com os presídios e menos com o que fazer com os presidiários.