Título da redação:

Sociedade armada: olho por olho, dente por dente

Tema de redação: Sociedade e armamento: solução para a violência?

Redação enviada em 18/11/2016

É possível afirmar que um dos grandes desafios que permeia a sociedade brasileira é a questão do armamento civil como solução para violência. O aumento da criminalidade trouxe uma série de questionamentos a cerca da legislação vigente no país, uma vez que alguns argumentam que o acesso à arma é um direito de liberdade individual e segurança pessoal. Tal concepção mostra um retrocesso no que diz respeito à negligência do Estado em cumprir seu papel, assim, a mentalidade superficial quanto às raízes da persistência dessa problemática pode fazer com que a demagogia de vingança e a falsa impressão de proteção acarretem em um cenário repleto de tragédias. Em 2003 foi criado o Estatuto do Desarmamento, que busca garantir a segurança nacional, com ações que visam uma política de prevenção, uma forma de estimular a população foi recompensando aqueles que dispusessem a entregar suas armas aos órgãos competentes. Em virtude disso, um estudo realizado pelo Mapa da Violência apontou que essa lei foi responsável por salvar 160.000 vidas depois de sancionada. Esse fato ilustra a importância de iniciativas públicas para mudar o quadro social do Brasil, além de expor a correlação entre o armamento civil e a violência, posto que a posse ilegal acaba conduzindo atos de encorajamento de pessoas que não têm experiência com situações de risco. Desse modo, essa iniciativa proporcionou não só uma prática de coibir o armamento, mas também a conscientização de que o pensamento antigo expresso pela Lei de talião, que se resume em “olho por olho, dente por dente”, só reproduz mais a hostilidade humana. No entanto, mesmo com comprovações de que o Estatuto do Desarmamento produziu significativos avanços, no que se refere à redução da taxa de mortes por arma de fogo, há um grupo de parlamentares que defendem a revogação da lei, assim, assegurando o armamento, por meio do achismo pessoal e as conversões de exceções em regras, logo, utilizam a premissa do armamento como solução para a violência generalizada. Essa falsa ideologia baseada no medo do criminoso, somente implicará em bandidos mais violentos com menos hesitação em fazer vítimas fatais, como consequência trará um risco maior aos cidadãos. Sendo assim, é evidente que não é esse tipo de ação que cessará a violência, é preciso combater os agentes impulsionadores, que em geral originam da privação de direitos e disparidades sociais, em que a falta de oportunidades e uma educação de qualidade resultam no aumento da desigualdade social, pobreza e miséria, assim, alimentando a criminalidade no país. Segundo Mahatma Gandhi, o futuro está nas ações do presente. Nesse sentido, uma atuação válida seria tentar superar o abismo que existe entre segurança e cidadania, o Estado deve buscar medidas de conscientização, com intuito de mostrar ao indivíduo que facilitar o armamento é recuar na busca da paz. Para isso, é preciso implementar o Estatuto do Desarmamento, fazendo com que ele tenha um caráter educador, mediante a projetos em escolas, empresas e grandes centros urbanos, além disso, é imprescindível uma atuação mais rígida e fiscalizatória para combater a venda ilegal de armas. Ademais, é imperativo suprimir as desigualdades, pois somente com a garantia dos direitos fundamentais será possível combater a violência.