Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Sociedade e armamento: solução para a violência?

Redação enviada em 17/05/2017

A questão do armamento de pessoas civis é em muitos momentos acordada nas discussões políticas e sociais. Para o deputado Jair Bolsonaro, o cidadão armado é a primeira linha de defesa de um país. Essa ideia é base para a Suíça onde o porte de armas pelo cidadão é praticamente obrigatório, visto que o país não possui um exército de fato, e também, ela é o 6˙ país menos violento do mundo, segundo o estudo Global Peace Index 2015. Contudo, a Suíça possui um IDH de 0,955 (muito alto), já o Brasil tem um IDH mediano de 0,754, ou seja, o Brasil apresenta problemas sociais bem mais agravados que a Suíça, e por isso, para levar em consideração a posse de armas é preciso analisar a realidade brasileira de educação, de desigualdade e de preconceito social. A maior parte dos argumentos favoráveis ao armamento da sociedade é que o indivíduo como civil quer o direito de se defender já que o Estado é incompetente nessa função, em outras palavras:se um ladrão entrar na minha casa, eu quero me defender. No entanto, esse pensamento releva pontos mais preocupantes. Primeiramente, existe uma ideia de se combater violência com violência, desprezando as condições sociais que levam o Brasil a ter 10% das vítimas por morte letal no mundo, de acordo com o Atlas da Violência 2016, e desconsiderando os Direitos Humanos em que todos têm direito igualmente à vida. Em segundo lugar, existe nessa mesma justificativa a dizimação de comunidades indígenas e outras minorias por grandes fazendeiros, “se um índio entra na minha fazenda, eu quero me defender”. A disputa de terras é histórica e sempre contribuiu para a manutenção da desigualdade social que influi na violência que seria então resolvida com mais armas, resultando em um verdadeiro genocídio de comunidades indígenas e dos participantes de movimentos como o MST, novamente ignorando os princípios dos Direitos Humanos. Além disso, a sociedade brasileira possui uma mentalidade retrógrada incrustada de preconceitos. Dentro do senso comum é normal frases como “bandido bom é bandido morto”, “gay tem é que morrer” ou “se minha filha aparecesse grávida, eu matava”, demonstrando que a população brasileira ainda não está madura o suficiente para portar uma arma. A falta de conscientização do brasileiro em geral é explicada pela baixa educação que sem um bom sistema de ensino matérias como história, filosofia e sociologia ficam rasas e permite a aceitação de ideias racistas, machistas, homofóbicas e um comportamento agressivo quanto ao respeito à vida alheia. Dessa maneira, a pouca instrução dos brasileiros levaria ao apoio do uso das armas e , também, do seu uso indiscriminado sobre a ótica de fazer justiça com as próprias mãos o que levaria ao aumento da violência e de linchamentos. Em resumo, o armamento da sociedade não é uma solução para o Brasil. Nesse país a violência é justificada pela desigualdade social e concentração de renda e de terras, o que levaria a um agravo desses problemas com a facilitação da posse de armas. Sobre essa questão, o combate à violência no Brasil deve partir do Governo Federal com projetos de distribuição de renda e qualidade de vida, aumentando e melhorando os serviços sociais, como educação, saúde e segurança, promovendo campanhas como do Bolsa Família e Fome Zero para tirar famílias da miséria, além de promover o apoio nas questões de disputas de terra, acelerando o processo de restituição e posse para as minorias políticas. É importante também, que os governos locais promovam campanhas de conscientização e instrução quanto aos Direitos Humanos, tolerância e respeito, como também fornecer apoio a todos aqueles que sejam alvos de preconceitos. Ademais, cabe a população a participação de questões políticas e discussão da sociedade, para não permitir que direitos essenciais sejam de alguma forma ameaçados, como ocorre com vítimas de linchamento e de disputas de terras.