A incapacidade do ser humano de enxergar além de si e perceber, no outro, sentimentos similares aos seus, configura um dos maiores problemas sociais enfrentados ao longo da História. A intolerância sustentada, equivocadamente, no cultivo da ideia de que cada indivíduo deve defender suas doutrinas pessoais apoiados em seus próprios interesses gera, gradativamente, uma onda de ódio e perseguição, haja vista a atribuição de valores positivos à um indivíduo e seus 'semelhantes' e, negativos, ao que venha contrapô-los. O Brasil é um país de vasto território geográfico e, concomitantemente, ampla bagagem cultural, cada qual composta por costumes e características diversas, munidos de valores distintos. Desde a colonização europeia, ainda no século XVI, somada a chegada dos africanos, além dos povos indígenas já habitantes do nosso litoral, uma rica diversidade cultural foi disseminada por todas as regiões. Voltar-se, portanto, contra tais valores ou, ainda, tentar impor uma verdade absoluta sobre a nação, é uma realidade utópica marcada por opressão, discursos de ódio e, intrínseco a esse quadro, a constatação da diminuta tolerância e respeito àquilo que fere determinada ideologia. Nesse contexto, nota-se também, no prisma contemporâneo, a confirmação de que valores como gentileza e compaixão são conceitos perdidos no tempo, fato que aponta para uma sociedade constantemente individualista e desprovida de agentes de intermediação social, imparciais, que possam servir de ponte para alcançar a pluralidade cultural, seja no âmbito religioso, étnico, político, racial, etc., de forma harmônica. Posto isso, e baseando-se no pensamento de Albert Einstein que diz ser mais simples desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado, temos que, o Estado, como gestor dos interesses coletivos, deve aplicar mais rigorosamente as leis que garantem os direitos humanos, punindo aqueles que repudiam, violentamente, qualquer tipo de manifestação ideológica, assim como incentivar, com o apoio da mídia, a diversidade cultural por meio de programas de televisão, campanhas informativas e palestras para conscientização da sociedade. Ademais, outra medida, a fim de cultivar a tolerância e, acima de tudo, o respeito, é incentivar a discussão sobre o assunto nas escolas com o propósito de romper, precocemente, paradigmas pré-moldados e expandir a concepção de que só é possível garantir os próprios direitos, respeitando o direito do outro.