Título da redação:

Desconstruindo o paradoxo.

Tema de redação: Pluralidade e (in) tolerância no Brasil

Redação enviada em 31/08/2017

Historicamente, o mundo sempre foi dividido entre povos opressores e oprimidos. No Brasil, país multicultural, essa segregação começou a ocorrer já na época da colonização, no século XVI - seja na supressão das culturas já existentes aqui, seja na violência cometida contra os indígenas e negros africanos, tidos como inferiores naquele contexto. Da mesma forma, tal fato continuou ocorrendo com a vinda dos imigrantes menos favorecidos economicamente, vindos da Europa e da Ásia, quando a miscigenação foi tomada como negativa para o progresso da nação recém-formada. Assim, toda a intolerância verificada hoje nada mais é do que o reflexo de uma mentalidade retrógrada, a qual encontra terreno fértil em um país que não fiscaliza e não pune devidamente os infratores da lei contra crimes de ódio - apesar de ela já existir desde 1989. Como consequência, boa parte da população internaliza essa forma de pensar e tais ideias são transmitidas principalmente nos âmbitos familiar e social nos quais estão inseridas. Daí a celebre frase de Florestan Fernandes: "O brasileiro tem preconceito de ter preconceitos" - que traduz essa atitude paradoxal quanto à intolerância. Prova disso é o estudo da "Comunica Que Muda" sobre os principais preconceitos na rede, o qual revela que todas as variedades possuem altíssimos índices de menção, abrangendo questões raciais, ideológicas, físicas e de gênero, principalmente. Portanto, pode-se perceber que a falta de uma ampla discussão sobre o assunto, somado à toda divisão inerente a qualquer sociedade são as raízes do problema. Segundo Nelson Mandela, ninguém nasce odiando, apenas aprende a odiar guiado pelo comportamento dos outros. Tal afirmação condiz com os alarmantes números relacionados aos casos supracitados, além de corroborar a tese dos pensamentos segregacionistas. Destarte, percebe-se que apenas leis não são o suficiente nessa questão. Dessa forma, cabe aos três poderes fiscalizar de forma mais rígida os grupos e páginas que não respeitem a pluralidade do país. Para isso, leis deverão ser criadas a fim de coibir práticas criminosas do tipo, além de punir os culpados com mais severidade. Às escolas públicas e privadas cabe a priorização, desde o ensino fundamental até o médio, do ensino sobre a diversidade e diferenças interpessoais, nas aulas de história, artes, sociologia e educação física. Somente assim o paradoxo sobre o preconceito será resolvido e a nação como um todo poderá ser beneficiada.