Título da redação:

A Intolerância Inercial

Tema de redação: Pluralidade e (in) tolerância no Brasil

Redação enviada em 26/07/2018

Aldous Huxley, em “A Democracia e Outros Estudos”, discute que em toda sociedade há um impulso para a conformidade com algumas ações - mesmo as ruins - devido aos costumes ou tradições. Ou seja, permanecem inercialmente. A intolerância à pluralidade na contemporaneidade brasileira é um triste paralelo a tal inércia. Esse comportamento é contraditório, uma vez que o Brasil é um país tão heterogêneo. Porém, ocorre, principalmente, pela propagação errônea de padrões e pela ausência de debate sobre as diferenças. Primeiramente, segundo dados do IBGE, mais de 40% da população brasileira é parda. Além disso, 60% dos habitantes moram em regiões diferentes da Sudeste. Contudo, na televisão brasileira, ocorre o inverso: a maioria esmagadora dos profissionais são brancos. Nas telenovelas, as personagens, majoritariamente, são brancas, moram no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Depreende-se que a televisão tenta propagar um padrão que não existe na realidade, criando um universo daquilo que consideram como perfeito e, com isso, facilitar a venda de dessa imagem . Fomenta-se, pois, no inconsciente popular, uma falsa ideia do que é o normal. Dessarte, mais da metade dos brasileiros são considerados diferentes. Segundamente, a discussão sobre as diferenças entre cores de pele, religiões, sexualidades, nacionalidades e costumes, praticamente, não ocorre. No final da década de 1960, enquanto pessoas de diferentes países lutavam contra o preconceito e a favor da liberdade individual, os brasileiros lutavam contra a ditadura e buscavam garantir o direito básico de votar. Assim, o debate acerca de certos temas no país é algo recente quando comparado a outros. Entretanto, o Código Penal - nos artigos 138, 139 e 140 - é contra qualquer comportamento intolerante - racismo, homofobia, xenofobia e outros - estabelecendo a pena de reclusão de até três anos e multa a quem cometer tais atos. Dessa forma, corrobora-se que, apesar da lei, a sociedade ainda é intolerante, principalmente, pela falta de diálogo. Em suma, cabe ao Governo do Estado, por meio de uma emenda constitucional, acrescentar aula sobre Diversidade Cultural dentro na grade de Filosofia – desde o Ensino Fundamental II até o Colegial – com aulas semanais e com uma avaliação bimestral para verificar se o ensino foi efetivo. Outrossim, mensalmente ministrar palestras - dentro do próprio colégio -para pais, familiares e membros da comunidade local, trazendo membros dos grupos que mais sofrem com a intolerância a fim de sensibilizar os ouvintes. Portanto, espera-se a formação de cidadãos, pais, trabalhadores e futuros governantes que saibam a importância da pluralidade para a construção e evolução de um país. Por consequência, tal ensino desmotivará os hábitos intolerantes e colocará fim à conformidade tão criticada pelo britânico Aldous Huxley.