Artifício para a sobrevivência, maneira como o corpo era visto durante a pré-história. Hoje, ele embasa novos ideais, como o da beleza, que se sobrepõem a essa finalidade. Entretanto, tal situação institui certos padrões a serem seguidos e limitam uma representatividade ampla. Torna-se, assim, a questão da beleza corporal um impasse para o indivíduo. De início, vale ressaltar a importância do avanço tecnológico e das redes sociais para a constituição do ideal de beleza. No ano de 2017, uma jovem pernambucana foi agredida verbalmente e ameaçada por internautas ao postar uma foto expondo seu corpo. As críticas pejorativas surgiram, pois a forma corporal da mulher não era adequada ao padrão propagado nas mídias. Nesses veículos, a magreza e a perfeição constroem um indivíduo digno de respeito e admiração. Logo, àqueles que não adequam-se são minimizados como incapazes e desprovidos de qualidades para serem tratados como iguais. O padrão de beleza esmaga o ser social. Ademais, a falta de representatividade dos diferentes conceitos do belo altera a forma como cada cidadão se enxerga no meio. Por isso, cada vez mais, as pessoas recorrem a procedimentos estéticos e cirurgias plásticas, já que não conseguem ser acolhidos pela sociedade a qual estão inseridos. Em decorrência dessa situação, é comum altos indícios de baixa autoestima que afeta o corpo e a mente, ambos colocados à merce da obsessão para a conquista do belo. Dessa forma, a beleza buscada pelo ser torna-se objeto perigoso à preservação da própria integridade individual. Portanto, o corpo do indivíduo deriva-se entre o belo e a essência do ser racional. Para que haja aproveitamento saudável de ambas as partes, é necessário que as mídias, por meio de novelas e comerciais, diversifiquem as personagens de representação social. Além disso, o Ministério da Cultura junto as escolas devem promover palestras e feiras culturais a fim de expor aos alunos os diferentes conceitos de beleza na construção da humanidade. Uma outra forma é o próprio indivíduo espalhar a ideia de Paulo Leminski, poeta contemporâneo brasileiro, que em seu poema "Contranarciso" se referiu à existência dos outros dentro de si, levando ao respeito conjunto das diferenças entre os seres no meio social.