Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Os relacionamentos abusivos em questão no Brasil e seus fatores impulsionadores

Redação enviada em 14/10/2018

Na visão do filósofo inglês John Locke, cabe ao Estado a proteção a todos os indivíduos, bem como a garantia à vida, à propriedade e à liberdade, que são direitos inalienáveis. Atualmente, porém, observa-se que a problemática vivida pelas vítimas de relacionamentos abusivos evidencia que tais prerrogativas não são respeitadas. Isso se deve à falta de atitude do Governo e à compactuação da sociedade, que evidenciam a necessidade de mudanças. Cabe pontuar, em um primeiro plano, que a recorrência de casos de relacionamentos abusivos é fomentada pela incapacidade das esferas públicas de exercerem seu poder simbólico e a garantia dos direitos constitucionais. Esse fato decorre da histórica inabilidade estatal em promover medidas protetivas às vítimas da violência e da exclusão social, tais quais, a criação de canais de denúncias e locais de acolhimento, o que diretamente contribui para a perpetuação da problemática. Nesse contexto, parafraseando Chico Xavier, "a omissão de quem pode e não auxilia o povo é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira". Dessa maneira, a imprescindibilidade da superação desse dilema configura-se como um importante desafio político da pós-modernidade. Vale ressaltar, ainda, as implicações advindas da compactuação da sociedade que possui estreita relação com o aumento de casos de violência em relacionamentos abusivos. Essa motivação, dentre outras razões, pode ser explicada por medo de se envolver ou por uma atitude cultural de acomodação.Nesse sentido, em um artigo publicado pela revista Le Monde Diplomatique, o antropólogo e cientista político Sílvio Brava afirma que o aprofundamento de casos de relacionamentos abusivos, no Brasil, adquiriu contornos preocupantes ao atingir um crescimento de 57% na última década, com claras perspectivas de agravamento do quadro. Desse modo, a sociedade torna-se a principal vítima de suas próprias contradições, omissões e condutas. A falta de atitude do Governo, em paralelo à omissão da sociedade, portanto, são condições diretas para que o grave caso de relacionamentos abusivos ocorra no Brasil. A fim de que haja a imprescindível superação desse panorama, faz-se necessário que o Governo, por meio do Ministério da Educação, implemente núcleos de debates e divulgação sobre os relacionamentos abusivos. Nesse aspecto, deve-se criar dinâmicas de grupos nas escolas, envolvendo alunos e a comunidade, retratando situações reais com busca de soluções, permitindo, dessa forma, uma ação eficaz no tratamento da problemática. Agindo assim, o Estado idealizado por Locke será real e a construção de uma sociedade em que a paz seja um valor substancial será uma realidade empírica, não um ideal ou uma utopia.