Na série hollywoodiana Big Little Lies, Nicole Kidman interpreta uma mulher rica, que se vê vítima de um marido que a abusa física e psicologicamente, mas mantém uma vida de aparências. Tal cenário,infelizmente,não se restringe à ficção. No Brasil, país marcado pelo machismo, o número de mulheres que sofrem abuso é estarrecedor. Nesse sentido, acabar com essa instituição é fundamental. Primeiramente, deve-se compreender as razões pelas quais tantas mulheres sofrem agressões no Brasil. Imerso em um cultura machista, que subjulga a mulher a papéis inferiores e a coloca como refém de um sistema de poder que elege o homem como dominante, o país caminha a passos lentos no que tange a igualdade entre os gêneros. Tal conjuntura faz-se presente na vida pública, como diferenças salariais,mas também extende-se para a vida privada. Nessa última, cria-se uma relação de interdependência afetiva entre parceiro e parceira, e quando comportamentos agressivos manifestam-se, que vão desde humilhações verbais, chegando até o feminicídio, a mulher, muitas vezes, não se enxerga como vítima ou reluta em assim o fazer. Esse estado é corroborado pela aparato social machista que dita exatamente isso: a mulher deve cumprir um papel inferior, a culpa é dela, entre outros imperativos. Porém, a culpa não é da mulher, mas sim do machismo. Haver leis que regem o tema já é um avanço considerável, porém não o bastante. Apesar da legislação brasileira já dispor sobre a violência doméstica em todas suas formas, com a Lei Maria da Penha, e a tipificação do crime de feminicídio, enquanto não se empoderar as mulheres e ensinar aos homens a respeitá-las, não haverá lei que quebre o ciclo da violência. Porém, nota-se que aquelas que procuram ajuda, muitas vezes não recebem o acolhimento necessário na polícia. Por isso, não é comum que um vítima de feminicídio tenha vários boletins de ocorrência registrados contra o agressor, mas não tenha dado continuidade ao processo. Portanto, enquanto não se romper com a instituição do machismo no seio da sociedade brasileira, o ciclo da violência não cessará. Nesse ínterim, faz-se fundamental uma ação conjunta entre poder público e sociedade civil que pretenda romper com a instituição do machismo, a fim de combater os abusos, bem como dar forças as mulheres que precisam reportá-los. Para tanto, é indispensável que o Ministério da Educação trate como obrigatória no currículo escolar a discussão entre igualdade de gênero para educar seus cidadãos nesse sentido. Bem como, o Ministério da Justiça, promova cursos para policiais que os orientem sobre o tratamento específico a ser dado nesses casos, criando-se um ambiente mais preparado para lidar com essas situações. Com isso, estar-se-á mais próximo de um país melhor.