O romance "O leitor" retrata a história de um relacionamento abusivo entre um garoto de 18 e uma mulher de 35 anos, subvertendo as expectativas de que a mulher é sempre abusada. Com isso, é explícito que essa prática independe de gênero, idade ou qualquer fator qualitativo, apesar de ser mais incidente entre mulheres. No Brasil, o número de vítimas só aumenta, contribuindo para perpetuação de dogmas históricos. Dessa maneira, a mudança do papel social da mulher torna-se dificultosa, uma vez que os dados apenas reforçam tais pensamentos enraizados. Fatores históricos como o sufrágio feminino em 1932, retrataram a letargia brasileira no reconhecimento da importância feminina, uma vez que na Europa o direito ao voto foi concedido antes. Esse atraso ainda é percebido no pensamento contemporâneo, quando 58% do número de mortes de mulheres é por feminícidio. Com isso, é perceptível que a mudança da visão sobre a figura feminina é de suma importância para a modificar o quadro alarmante de relacionamentos abusivos. Para que isso ocorra é necessário engajamento social, haja vista que Aristóteles afirma que somos seres políticos e sociais, cabe a cada individuo a construção de empatia para que como conjunto social seja possível evoluir na questão da violência dentro dos relacionamentos. Portanto, é notório que em um relacionamento abusivo o artigo 5 da Constituição é infringido, logo cabe ao Ministério da Justiça garantir que em regiões com maior incidência de casos haja um maior número de delegacias da mulher com o fito de aumentar os meios de denúncia de tal crime. Além disso, a união das mulheres e a conscientização de que o abuso abrange as esferas físicas e psicológicas é outra maneira de reconhecer a própria inserção em um relacionamento abusivo, sendo esse o primeiro passo para conseguir sair.