Desde o Iluminismo no século XVIII, acreditava-se que o uso da razão e da igualdade poderiam mudar o pensamento da sociedade naquela época. Entretanto, presentemente os relacionamentos abusivos no Brasil desconfiguram os ideais iluministas, tendo em vista a gravidade em que esse problema se encontra. Nesse sentido, é importante salientar a falta da racionalidade humana e a ausência de políticas públicas voltadas para o controle desse percalço. Cabe pontuar, de início, que os abusos em uma relação não são algo novo, e sim já moldados há tempos na cultura nacional. Nesse viés, é indubitável relacionar que a estrutura do patriarcado presente nos dias de hoje corrobora com a triste situação em que vários casais se encontram. Assim, fica explícito que a questão do machismo, intrinsecamente ligada à mentalidade de muitos homens e mulheres, legitima tais atos agressivos contra os próprios parceiros. Convém ressaltar, também, a carência de leis e medidas específicas que combatam o agravo em questão. Isso, conforme o contratualista inglês Thomas Hobbes caracteriza-se como o estado de natureza do ser humano, no qual seria isento do uso das regras. Logo, fica nítido que a negligência estatal em tratar e punir os ataques no meio amoroso ajuda a perpetuar os casos de hostilidade dos quais envolvem os indivíduos relacionados. Diante do exposto, é evidente que há entraves para garantir a estabilidade nos vínculos afetivos. Portanto, cabe ao Estado a criação de leis mais eficientes que visem promover a integridade e o asseguramento das vítimas de abusos psicológicos e agressões físicas. Isso deve ser efetivado por meio da criação de delegacias especializadas em atender as queixas, bem como facilitar as denúncias por parte da população, a fim de ajudar a diminuir o número de ocorrências envolvendo casais e desconstruir o arcabouço machista da sociedade. Tais ações tornarão o Brasil melhor.