No século XIX, o sociólogo Émilie Durkheim disseminou o pensamento de que a sociedade funciona como um organismo vivo, isto é, todos os seus componentes devem viver em harmonia para alcançar o bem-estar. Nessa perspectiva, a entrada dos refugiados venezuelanos no Brasil promoveu um desequilíbrio e acarretou em problemas. Assim, pode-se citar que não há preparação para recebe-los, consequentemente, não possuem onde ficar e se estabelecem na rua, sem encontrar as condições de vida que almejavam ao sair do país deles, além de colaborar para uma desordem no lugar de entrada. Contínuo a isso, segundo a prefeitura de Boa Vista, estima-se que cerca de 40 mil venezuelanos já tenham entrado na cidade. Nessa conjuntura, não há espaço suficiente para todos em abrigos nem empregos para eles, com isso, têm que sobreviver de mendicância e da solidariedade dos outros. Todavia, isso desorganiza o local, uma vez que não é possível fazer um controle de saúde nas fronteiras, trazendo casos de sarampo, doença erradicada em território brasileiro, por exemplo. Ademais, Roraima é um estado pequeno e não apresenta condições de aguentar uma superpopulação, dessa maneira, não há como suprir a necessidade desses habitantes. Sob essa óptica, consoante o filósofo John Locke, configura-se uma violação do “contrato social” quando o Estado não cumpre sua função de garantir os direitos dos cidadãos. Nesse aspecto, o governo venezuelano o viola, enquanto o Brasil passa a ter que suprir esses refugiados, no entanto, também não consegue, pois eles continuam em precárias circunstâncias. Por isso, faz-se necessário que haja um auxílio à pequena Veneza para que seus cidadãos possam retornar, e durante esse processo, o Brasil deve fazer o papel de garantir os direitos deles ao fornecê-los abrigo e alimentação. Para que seja possível retomar a harmonia e alcançar o bem-estar proposto por Durkheim, é fundamental tomar algumas medidas para resolver o impasse. Portanto, o Ministério das Cidades deve fornecer verbas ao estado de Roraima, principal entrada dos refugiados, para que se possa construir abrigos e garantir os direitos básicos deles. Além de ocorrer uma parceria entre os estados para que eles sejam distribuídos em todo o território, e com isso, não haverá uma concentração em somente um local, facilitando a administração.