Promulgada em 1988, a Constituição Federal vigente trouxe em seu escopo a garantia da liberdade de expressão a todos os cidadões brasileiros. Pela primeira vez na história, brasileiros puderam expressar ideias, manisfetar-se artisticamente e divulgar pesquisas científicas livres do julgo de um órgão de censura estatal. Passados 30 anos, entretanto, conflitos entre humoristas e setores da sociedade, decorrentes da propagação de ideias consideradas ofensivas, apontam a necessidade da reflexão a respeito dos limites da garantia constitucional promulgada em 1988. Inicialmente, cabe ressaltar que, historicamente, a sociedade brasileira viveu sob o julgo da censura estatual. No período colonial, a Coroa Portuguesa agiu no sentide de impedir a divulgação de ideias que ameaçassem a pesistência do regime. O mesmo fato ocorreu nas Ditaduras do Estado Novo, a partir de 1937, e na Militar, a partir de 1964. Logo, os poucos anos de vivência sobre o imperativo da liberdade de expressão inibe a real compreensão dos limites dessa garantia pelos brasileiros. Ademais, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, impera na sociedade contemporânea a noção exacerbada de individualismo. Segundo esse raciocício, na modernidade, indivíduos tendem a supervalorizar suas características físicas, sociais e econômicas. Nesse sentido, a propagação de ideias ofensivas contra grupo socialmente minoritários fazem parte da estratégia de autoafirmação do setor da sociedade que detém o poder. Dessa forma, é imperativo que, a fim de solucionar esse impasse, o Ministério da Educação promova palestras nas escolas a fim de debater e elucidar os limites e a importância da liberdade de expressão. À mídia, por sua vez, cabe, num exercício de autorreflexão, inibir a propagação de ideias que atentem contra a autoestima de minorias. Dessa forma, a garantia constitucional da liberdade de expressão prevalecerá no sentido de promover a extensão da cidadania a todos os brasileiros.