Diariamente somos bombardeados por tweets, piadas, memes e todo tipo de conteúdo que possa nos causar humor. Ele está presente na sociedade há séculos, convivemos com ele do primeiro ao ultimo suspiro e, na maioria das vezes, gostamos disso. Mas será que esse humor nos é prejudicial? Sotaques, doenças, raças, opções sexuais... Tudo dá para fazer piada, mas nem sempre todos riem. A sociedade está cada vez mais atenta às formas de ofensa e discriminação que determinados grupos sofrem atualmente e, infelizmente, humor é uma delas. Piadas com homossexuais, negros, nordestinos e outros grupos sociais são sim uma forma de ofensa e colaboram no processo de discriminação. Mas como explicar esse conceito para “o país da zoeira”? Dentre as vertentes do humor a que mais tem ganhado destaque é aquela que usa das características de determinados grupos sociais para provocar humor, denominada “bufão” por Daniel Nascimento, humorista da Cia. Barbixas de Humor. Nascimento defende que o humor não deve ter limites e que “se a piada não for boa, as pessoas não vão rir” mas, no contexto social brasileiro, não é bem assim que acontece. Quando o preconceito é atribuído a humor ele “perde” seu valor pejorativo e acaba por incentivar ideais discriminatórios aos espectadores que, por sua vez, integram-os à sua vida social, gerando assim mais e mais preconceito. Sabendo disso, é dever dos espectadores selecionar o conteúdo que é consumido e alertar as consequências futuras que estes possam ter. Além disso, também é necessário que os produtores de conteúdo humorístico repensem o seu conceito de humor e procurem formas de divertir sem ofender. Não se pode esquecer que o direito de um cidadão acaba a partir do momento que este inflige o direito do outro, assim a constituição garante a liberdade de expressão, desde que esta não se torne discurso de ódio.