Título da redação:

Conserva a dor

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 29/05/2018

Conserva a dor Risada. Alegria. Diversão. Desde seu surgimento na Grécia antiga, séculos antes de Cristo, a comédia é caracterizada por satirizar deliberadamente sobre minorias antropológicas e figuras públicas. No século XXI, entretanto, essa forma de entretenimento distanciou-se de seu objetivo original de provocar o riso e tornou-se uma indústria humorística que visa ao lucro, independente do conteúdo e o quão ofensivo ele seja. Com a capitalização do humor, houve uma ascensão social de diversos comediantes, os quais, mesmo sem concordar em alguns casos, reproduzem ideologias e pensamentos discriminatórios e geram anedotas a partir da inferiorização de determinados grupos na sociedade. Sendo assim, esses profissionais inserem, segundo Bourdieu, ainda mais violência simbólica na comunidade, ou seja, fabricam crenças contínuas no processo de socialização, induzindo – assim – o indivíduo a se posicionar no espaço social seguindo critérios e padrões do discurso dominante. É verdade que os comediantes são culpados da intensificação de preconceitos na sociedade. Contudo, esses só alcançam tamanho prestígio pela resposta positiva do público, o qual ri e concorda com o dito e, muitas das vezes, reproduzem a “piada”. Isso pode ser ratificado pelo documentário “O riso dos outros”, de Pedro Arantes, no qual humoristas famosos como Rafinha Bastos e Danilo Gentili afirmam, em outras palavras, que não concordam com certos pensamentos, mas trabalham a partir deles por saber que os espectadores irão achar graça. Observa-se, portanto, que o humor possui limites que, frequentemente, não são respeitados, necessitando de medidas. Por isso, o Ministério da Educação precisa, por meio das mídias, realizar propagandas apelativas alertando sobre as consequências da reprodução de anedotas discriminatórias, visando reduzir sua reprodução. Além disso, as escolas necessitam, com a ajuda do Ministério da Educação, implementar mais aulas de filosofia e sociologia, a fim de despertar o senso crítico dos jovens, diminuindo a fomentação do preconceito presente na comédia contemporânea.