Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Os impedimentos da Inclusão digital na contemporaneidade brasileira

Redação enviada em 04/09/2018

A obra "Triste fim de Policarpo Quaresma", do escritor pré-modernista Lima Barreto, retrata a visão ufanista do protagonista, Quaresma, acerca do Brasil como um lugar esplêndido, maravilhoso e cheio de farturas. No entanto, hodiernamente, fica evidente que essa perspectiva é desconstruída quando verifica-se a presença da exclusão digital no país, demonstrando que há uma grande distância entre a Nação sonhada por Quaresma e a realidade. Por essa razão, faz-se necessário pautar as causas que colaboram com essa conjuntura, sendo elas a má formação educacional do brasileiro e um Governo inobservante ao Contrato Social. A princípio, é indubitável que o ensino formal é um fator motivador da não democratização da tecnologia no Brasil, visto que a educação básica é deficitária por não ser libertadora e problematizadora. Sob tal ótica, conforme o educador Paulo Freire, a alfabetização ocorre mediante a discussão de experiências de vida e questões do cotidiano, possibilitando que o aluno desenvolva uma consciência crítica, sendo capaz de transformar a realidade coletivamente. Todavia, é possível perceber que a ausência de debates, nas instituições de ensino, envolvendo casos de desigualdade social devido à exclusão digital rompe com o método freireano, uma vez que não é explicitado a importância da tecnologia como um agente propulsor de conhecimento e de sociabilidade para o indivíduo. Sendo assim, esse desconhecimento produz uma inércia, não havendo, então, um esforço coletivo por parte da maioria da população para exigir do Governo que todos os brasileiros sejam incluídos digitalmente, medida que diminuiria esse cenário de exclusão social. Outrossim, na concepção do filósofo contratualista Thomas Hobbes, a função primordial do Estado é garantir o bem-estar social, pois o homem abdicou de suas liberdades em troca desse estado de plenitude. Entretanto, a existência de pessoas sem acesso à tecnologia no Brasil contemporâneo evidencia que o Governo, muitas vezes, falha em cumprir a sua parte nesse Contrato Social, por recorrer a nefastas políticas públicas, como programas de acessibilidade. Desse modo, tal fato reflete-se nos ínfimos investimentos governamentais a esses programas, contribuindo para que somente 8,31% dos cidadãos tenham acesso à internet, segundo o "Mapa de Inclusão Digital" (MID). Perpetua-se, portanto, a diminuição das oportunidades sociais e educativas da maior parte dos brasileiros devido à não democratização da tecnologia, por causa da ineficácia estatal, o que aumenta esse contexto de desigualdade social. Contudo, embora caótica, essa situação é mutável. Diante do exposto, é imprescindível que o Ministério da Educação promova a formação de cidadãos baseada no método freireano, por meio da implementação de disciplinas na grade escolar, que possam estimular o senso crítico e coletivo dos alunos, com o intuito de esclarecer a importância da tecnologia como ferramenta para atenuar a desigualdade social, para que a sociedade passe a exigir do Estado a inclusão digital de todos os brasileiros. Ademais, o Ministério da Fazenda deve elaborar um plano econômico capaz de dinamizar a economia e gerar recursos, mediante a ajuda de economistas, a fim de o Governo aumentar os investimentos nos Programas de Inclusão Digital, oferecendo cursos de informática, além dele construir novas bibliotecas públicas com computadores, que tenham acesso à internet, visando mitigar a realidade exposta pelo "MID". Assim, a exclusão digital será combatida e, por isso, o sonho ufanista de Quaresma estará mais próximo de tornar-se realidade.