Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente 8,31% da população do país possui acesso à internet em suas casas e esses concentram-se em áreas urbanas, o que representa 70 milhões de pessoas ainda sem conexão à rede. Tais dados comprovam a preocupante realidade, fruto da desigualdade social, vivida pela maioria dos brasileiros. Porém, a inclusão digital dela é essencial para a obtenção de melhores condições de vida, com mais oportunidades de aprendizado e atualização. Nesse sentido, percebe-se que é preciso haver uma mudança em relação à concentração de recursos digitais e ela deve ser feita concatenadamente com o suporte estrutural do país. Sabe-se que a desigualdade de classes, proposta por Karl Marx, aplica-se também ao universo digital atualmente. Isso ocorre pois a escassez de infraestrutura em regiões menos desenvolvidas compromete o uso tecnológico, pela falta de ferramentas, por exemplo, internet e eletricidade. Ademais, as classes mais pobres possuem incompatibilidade financeira para adquirir aparelhos tecnológicos. Dessarte, embora viva na “sociedade da informação”, o indivíduo não possui pleno acesso à cultura e interação social, prejudicando a disputa no mercado de trabalho e comprometendo sua participação em mobilizações populares, como a Primavera Árabe, que organizou todos os protestos em prol de igualdade, no Oriente Médio, pelas redes sociais. Apesar desse panorama, o Brasil não possui políticas públicas de inclusão efetivas a fim de oferecer maior qualidade, distribuição e preços acessíveis de internet e tecnologias, pois mesmo com tentativas desde 1994, o problema ainda persiste. Concomitantemente, o sistema educacional brasileiro é despreparado para contribuir com o ensino do uso proveitoso do ambiente virtual, seja pela falta de projetos de incentivo e pesquisa, seja pelo preconceito dos educadores em relação aos benefícios que a integração tecnológica à sala de aula pode gerar. Com isso, os alunos têm a potencialidade humana afetada pois, de acordo com a ONU, o amplo acesso à internet constitui-se como um direito fundamental. Logo, para que a questão da inclusão digital não continue sendo um desafio nacional, é necessário que todas as esferas sociais se mobilizem. Os governos municipais devem estabelecer acordos, por meio de incentivos fiscais, com empresas locais de internet para que o preço da rede dimunua e ,com isso, ela se torne disponível para mais pessoas. Outrossim, o Ministério da Educação, em parceria com as universidades federais, deve implantar aulas sobre a importância da tecnologia em todos os cursos de graduação, com objetivo de que os professores estejam aptos a estimular os alunos ao uso da internet da melhor forma possível. Por fim, as escolas devem disponibilizar técnicos de informática durante todo o ano letivo com o intuito de ajudar a formação digital dos alunos.