Ao longo da evolução dos Direitos Humanos, na esteira do movimento iluminista, as três primeiras gerações de direitos prezaram pela liberdade, igualdade e fraternidade. Consequentemente, surgiu uma 4ª geração de direitos, relacionada à democracia, informação e pluralismo. No entanto, apesar de haver igualdade formal no acesso à informação, não há igualdade material, pois nem todos ainda desfrutam da inclusão digital, sobretudo pela falta de condições financeiras. Em primeiro lugar, é importante frisar que o acesso às tecnologias aumentou muito em relação às décadas anteriores, no entanto, isso não é o bastante, pois a inclusão digital consiste em saber como utilizar as ferramentas da tecnologia. Cria-se, assim, uma nova forma de exclusão social, pois o pobre apenas tem acesso à informação difusa e desorganizada que chega até ele pelas redes sociais. Com efeito, segundo Aristóteles, o verdadeiro conhecimento é gerado quando exercitamos a nossa inteligência de modo organizar o caos dialético que chega ao intelecto. Portanto, a mera poluição da informação, característica do mundo moderno, não pode ser confundida com conhecimento. Em segundo lugar, é pertinente enfatizar o pensamento de Karl Marx, para quem a informação divulgada no meio social faz parte de uma superestrutura que é regida por uma infraestrutura econômica, causa das desigualdades sociais. Logo, não é possível ao pobre fazer a organização do caos mental, pois a ideologia dominante o faz pensar, pela difusão das ideia de meritocracia, que a falta de conhecimento é culpa exclusiva dele mesmo, quando na verdade o valor do seu trabalho é explorado pelo patrão na mais-valia e, consequentemente, ele não pode investir na sua própria educação. Convém, portanto, que o Estado tenha papel ativo capacitando as classes economicamente desfavorecidas na área da informática, por meio da ampliação e criação de cursos técnicos com certificado, para que a igualdade material possa ser alcançada no âmbito dos direitos de 4ª geração. Ademais, é imprescindível que as pessoas mais esclarecidas, como professores e estudantes, sejam solidárias e tentem exercer sua influência por meio de projetos, debates, campanhas publicitárias que possam despertar no pobre aquilo que Marx chamava de "consciência de classe", para que o próprio também participe ativamente na luta pelos seus direitos.