Se com as cidades modernas vieram grandes oportunidades e facilidade de acesso a serviços, o cidadão ganhou um novo pesadelo: o trânsito. Em países não-desenvolvidos, onde o problema é especialmente pior, uma grande perda de tempo se soma à violência que, sob várias formas, ameaça a vida do cidadão. O problema, no entanto, é resultado do despreparo do cidadão e da administração para o comportamento sob o volante. Em primeiro lugar, é impossível não relacionar acidentes à lentidão do trânsito. O excesso de veículos provoca atrasos e nervosismo nos motoristas por meio dos congestionamentos e, assim, a fadiga contribui para o grande número de acidentes que colocam o Brasil na quinta posição de mortes no trânsito em ranking da OMS. Deslocamentos em veículos coletivos, como metrôs, por outro lado, são imunes a tal risco, de modo que a falta de opções para o cidadão pode ser considerada fator importante na questão da violência no transito. No contexto da opção pelo automóvel, também é possível enxergar outra falha no poder público: a limitação de velocidade. As medidas tomadas por Fernando Haddad em sua gestão na cidade de São Paulo, com diminuição das velocidades das marginais, se provaram úteis na valorização da vida, com diminuição do número de acidentes na região. A ação, revogada por João Dória, prova que uma simples limitação é capaz de salvar um número considerável de vidas anualmente. Outro fator que contribui para os acidentes é o uso do celular ao volante. As medidas das prefeituras brasileiras, que incluem multa severa e grande campanha de conscientização, se provaram um bom começo. A prática, fruto da irresponsabilidade do condutor, aumenta em até 400% o risco de acidentes, uma vez que retira do mesmo o foco no mundo a seu redor. Assim, é possível concluir que o grande número de acidentes de trânsito que afeta as cidades brasileiras resulta de um conjunto de problemas, com raízes no poder público e nas ações individuais do cidadão. Representam contribuições para a diminuição das taxas, além de investimentos em meios de transporte alternativos, como metrôs, a limitação da velocidade de veículos em vias de grande circulação e também uma extensão das campanhas de conscientização sobre o desvio do foco enquanto dirigindo.