Paulo Freire defendia a educação como um dos caminhos para a transformação dos homens e, consequentemente, da sociedade. No entanto, ainda estamos em busca dessa transformação, principalmente quando analisamos o papel do brasileiro no trânsito, pois, o desrespeito ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB) provoca uma série de impactos na sociedade por meio da elevação dos custos da saúde pública, da previdência social e da economia. De acordo com pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, o Brasil ocupou a quinta colocação no ranking de países que mais matam no trânsito com 50 mil vítimas, aproximadamente. Além disso, o quadro acumulado de pessoas que ficaram com algum tipo de sequelas é de 400 mil. Tais sujeitos em geral, requisitam os serviços de saúde pública e os benefícios da previdência social, como auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, além dos familiares solicitarem a pensão por morte. Em virtude disso, eleva-se o impacto desses gastos no Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que o governo brasileiro precisa atender as necessidades dessa população. Entende-se que essa situação tem relação direta com a falta do exercício da cidadania, como o desrespeito às legislações, pois as sinalizações são desconsideradas e o uso do celular é uma prática recorrente pelo motorista. Acrescenta a isso, as brechas do CTB, uma vez que esse código estabelece penas desproporcionais a gravidade do fato, pois o criminoso dificilmente vai preso e sua pena, em geral, se limita à prestação de serviços a comunidade. Tais situações têm provocado uma série de manifestações e demandas por alterações no CTB, a exemplo: o Movimento “Não foi acidente” que solicita o agravamento das penalidades para os crimes de trânsito. É preciso, urgentemente, que os governos brasileiros ampliem as políticas de mobilidade urbana, pois, é necessário investir mais nos meios alternativos de transporte, como a bicicleta, através da ampliação das ciclovias nas grandes cidades, como também estimular novas políticas de trânsito, como fez o governo de São Paulo ao restringir o acesso da Avenida Paulista, nos finais de semana, apenas aos pedestres. Além disso, é necessária a inserção da disciplina de educação no trânsito nos currículos da política de educação, desde os anos iniciais de ensino, para que se formem cidadãos brasileiros conscientes de seu papel na sociedade.