Pouco perdurou aos tempos hodiernos da ideia de amor ilibado como aquele descrito por José de Alencar em “Iracema”, ou por Chateaubriand em “René”. Tal qual a esfera amorosa, o plano econômico vem experimentando vicissitudes que refletem nossas necessidades atuais. Nesse sentido, a economia colaborativa se distingue no cenário da crise econômica do Brasil, seja por se apresentar como solução ao desemprego, seja por colidir com as instituições tradicionais. De acordo com Karl Marx, sociólogo alemão, o que distingue uma época econômica de outra é menos o que se produziu do que a forma de o produzir. Sob tal ótica, vínculos independentes e informais de trabalho têm se difundido pela sociedade brasileira no contexto da crise econômica vigente, haja vista que podem simbolizar um complemento à renda fixa ou mesmo o salário total do trabalhador. Por conseguinte, surge uma nova forma de economia, que vai de aplicativos como Cabify a briques virtuais, em que prevalece a autonomia dos usuários. Segundo dados divulgados pelo jornal Estadão, o número de motoristas da empresa Uber, no Brasil, que em outubro de 2015 era de seis mil, menos de seis meses depois cresceu para dez mil. Isso denota a transição do eixo do mercado para novas formas de fazer negócios, o que implica diretamente no modo como se dava a prestação de serviços até então. Desse modo, é imprescindível a regulamentação da economia colaborativa, contanto que sem grandes repercussões financeiras tanto ao prestador quanto ao usufrutuário. Destarte, impende ao Senado a organização de comissão, da qual participem representantes das instituições envolvidas para elaborar projeto lei que regulamente as múltiplas vertentes da economia colaborativa, mediante recolhimento de imposto a uma taxa que não prejudique o ofício, com o intuito de manter competitivos os serviços já prestados regularmente. Assim, será possível oferecer serviços de qualidade à população sem que ocorram divergências entre os modos de prestação de serviços.