A adesão da população às causas médicas é de interesse geral, contudo, no Brasil, apenas 1,8% das pessoas doam sangue, contrariando, por sua vez, a recomendação de 3% da OMS. Nesse contexto, a visão do escritor Franz Kafka, de que a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana, diz muito sobre a necessidade de se debater o assunto enquanto sociedade, visando buscar medidas para solucionar o problema em questão. Em primeiro lugar, a falta de informação representa um empecilho a ser ultrapassado na busca por melhores índices de doação sanguínea. De modo geral, as pessoas tendem a achar que, por não precisarem desse serviço com frequência, os demais também não devem precisar. Soma-se a isso, a carência de noções básicas como: se qualquer pessoa pode ou não ser doadora, quais os locais em que se realizam tal atividade ou, até mesmo, o que comer ou não antes da ação. Outrossim, a forma como a mídia retrata o sistema de saúde enfatizando muito mais o lado negativo, decorrentes dos problemas, do que sensibilizando para ações altruístas deve ser reavaliada. Reportagens sensacionalistas como as que enfatizam a incapacidade do estado do Rio de Janeiro em lidar com o atendimento de feridos por balas perdidas – que nos 6 primeiros meses de 2017 se equipararam ao do ano de 2016 todo, segundo o site G1 – perdem uma excelente oportunidade de relacionar essas calamidades à necessidade de doações de sangue. Dessa forma, focar apenas no problema não cria a noção de que atitudes solidárias contribuem para melhorar a realidade de muitas pessoas. Logo, para atingir o padrão de doação de sangue estipulado pela OMS, algumas ações são necessárias. É mister que as Unidades Básicas de Saúde promovam campanhas direcionadas ao tema, com panfletos e cartazes. Além de instruir que cada membro da equipe esteja pronto para conversar com a população durante as consultas, seja para apresentar o projeto ou para tirar dúvidas. Ademais, os canais midiáticos, por meio dos telejornais, devem introduzir informações, nas suas reportagens, sobre como os cidadãos podem atuar de forma efetiva para mitigar os problemas na saúde. Sendo assim, a solidariedade de Kafka seria posta em prática.