No século XVI o sistema circulatório fora corretamente descrito, constatando que o coração bombeava sangue para as demais partes do corpo. No século seguinte se dá os primeiros experimentos em transfusão sanguínea, de início mal sucedidos, mas que evoluíram gradativamente até o eficiente sistema de transfusão vigente, o qual possibilita que vidas sejam salvas na atualidade. Contudo, hoje o Brasil ainda enfrenta demasiados empecilhos no processo de doação de sangue, fato preocupante que deixa a medicina em alerta. O brasileiro fora visto como o “homem cordial”, reconhecido por estrangeiros pela hospitalidade e generosidade, mas esses atos funcionam mais como máscaras para manter seus interesses do que como virtudes. Desta forma, percebe-se o motivo da mínima quantidade de doadores espontâneos de sangue, o cidadão não possui uma responsabilidade social que lhe faça enxergar que tal ato de consciência coletiva irá ajudar a outrem sem necessariamente lhe trazer um retorno, tanto mesmo que anteriormente a constituição de 1988 os “doadores” de sangue eram monetariamente compensados, fato que expressa o caráter egoísta da sociedade. Outrossim, há falta de estrutura em muitos hemocentros do Brasil, um país de território tão vasto e diversificado, há áreas nas quais os recursos são escassos e falta investimento na coleta sanguínea. Além disso, os parâmetros que restringem os doadores são um tanto preconceituosos e com mentalidade retrógada no caso da proibição de homossexuais doarem sangue antes de 12 meses após ultimo contato homoafetivo. O que deve ser avaliado é a situação de risco, um homossexual com parceiro fixo se encontra com o mesmo risco de um heterossexual na mesma situação. O governo deve, portanto, investir amplamente na educação, formando cidadãos capazes de refletir e ter a consciência de bem coletivo, sem estar sempre mirando o exclusivo beneficio próprio, além de desmistificar a doação de sangue, elucidando a mente da população com relação a este procedimento, que ainda é temido por muitos. Além disso, deve haver investimento nos hemocentros, desde a formação de funcionários capacitados, construção de mais postos de coleta e na melhoria das análises do sangue e no sistema de distribuição do mesmo. Ademais, a mídia deve trabalhar em parceria ao ministério da saúde, formulando propagandas que demonstrem a necessidade da doação de sangue, a situação dos estoques e como funciona o processo, a quem procurar quando se tem interesse em ser doador.