No Brasil, a falta de cultura para doação de sangue é mascarada por inúmeros fatores que corroboram a existência de uma política social obsoleta. Da ausência de reconhecimento da importância de contribuir, até o ignorante egoísmo humano, o país ratifica a carência de altruísmo e, ainda, atenua a esperança dos doentes. Logo, o ato de doar não está intrínseco no brasileiro. Sob o prisma das barreiras das doações sanguíneas, o doador veste as rédeas, uma vez que não enxerga o valor da caridade de doar. Nesse contexto, as políticas que vigoram hoje são insuficientes para alertarem ao público a importância da contribuição de sangue. Em virtude disso, a sociedade não reconhece que uma pequena bolsa de sangue é capaz de salvar vidas. Além disso, na parcela da população que reconhece o valor, existem fronteiras na hora de doar, o medo do procedimento barra o doador, isso porque o esclarecimento do processo não é totalmente claro para persuadir a pessoa- uma sequela de uma política em frangalhos. Frente ao comodismo, inúmeras vezes o egoísmo grita mais forte, visto que a falta de altruísmo reflete um aumento de doentes. Nesse sentido, 27% da população nunca precisaram, então acreditam que não há necessidade de doar. Diante disso, cresce uma desvirtuosa cultura que não pensa no próximo e, por consequência, transmite esse valor aos outros, nos quais criam um ciclo desumano. Nesse viés, como predissera Bertold Brechet “Em uma sociedade em que se desumaniza, nunca diga: é natural.” Infere-se, portanto, que é imperativo ministrar políticas voltadas para o incentivo de doar sangue. É importante haver debates em escolas a fim de despertarem os valores das doações em crianças e jovens, também, promover palestras em comunidades do país com objetivos claros que esclareçam os processos e benefícios das doações às pessoas necessitadas. Além disso, é de suma relevância atingir o bolso do consumidor, no qual incentive descontos e promoções àqueles que colaborarem com a sociedade. Assim, com o passar das gerações, o ato de doar estará mergulhado na cultura do povo brasileiro.