Título da redação:

Os efeitos da má gestão hídrica no setor energético brasileiro

Tema de redação: Os efeitos da má gestão hídrica no setor energético brasileiro

Redação enviada em 28/08/2017

A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou o site Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil (conjuntura.ana.gov.br). Também apresentou o 'Seminário Segurança Hídrica para o Desenvolvimento Sustentável', evento em virtude do Dia Mundial da Água. Na abertura do evento, o diretor de Planejamento da Bacia do Murray-Darling, Marlos de Souza, apresentou como é realizada a gestão de recursos hídricos na Austrália e como o país incentiva o uso racional da água. Na ocasião, também foi apresentado o 'Projeto Preservação Superficial de Água no Semiárido'. Falaram sobre o tema os especialistas Fabiano Almeida e Saulo Souza, da ANA, e o professor Henrique Roig, da Universidade de Brasília (UnB). Foi lançado, ainda, o World Water Development Report – da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – pela representante do Programa Mundial de Avaliação da Água, Angela Ortigara.A estiagem no país não tem afetado só o abastecimento de água, sendo causa da crise hídrica. Uma das consequências mais preocupantes é o impacto na produção energética brasileira. Mais de 80% da eletricidade gerada no país é proveniente de hidrelétricas e os reservatórios que abastecem tais usinas estão com níveis irrisórios por conta da seca. No Sul, Sudeste e Centro Oeste o nível médio está abaixo de 18%. O impacto foi sentido quando um apagão atingiu 10 estados brasileiros e o Distrito Federal. O ocorrido foi um desligamento de emergência no sistema que abastecia esta parte do país. Desde então o ministério de Minas e Energia (MME) vem estudando medidas de economia para que isso não volte a ocorrer. Como medida emergencial, o país recorreu a um empréstimo de energia da Argentina. A parceria entre os dois países já existe há algum tempo e o contrário também pode ocorrer. Uma semana depois, no dia 27 de janeiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) exportou 200 megawatts para os nossos vizinhos. Uma das possibilidades levantadas pelo MME foi a da extensão do período do horário de verão. Mas a ideia não foi para frente porque a análise concluiu que o impacto de economia seria praticamente nulo. Potencial eólico Em meio a essa crise hídrica, há o fato de que o Brasil é um dos países com maior potencial eólico do mundo, e nos últimos anos houve investimento pesado na geração de energia pelos ventos, que é limpa, renovável e independe de condições climáticas cíclicas, como épocas de chuva. Foi a fonte de energia que mais cresceu no Brasil: o país tem 195 parques eólicos em operação atualmente. O aumento da capacidade cresceu 127% em 2014, o que colocou o país na 11ª posição entre os países com maior capacidade instalada no mundo. No entanto, no início do ano passado, uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, revelou que 36 dos parques eólicos instalados estavam sem linhas de transmissão, ou seja, gerando energia, mas não transmitindo.O Ministério de Minas e Energias (MME) prevê que até o fim de 2015 as energias renováveis correspondam a 42,5% de toda a matriz energética brasileira em 2015. O destaque fica para o crescimento da participação das energias renováveis alternativas à geração hidrelétrica, como a eólica, a solar e a biomassa. Em dez anos, esse tipo de energia renovável cresceu 30%, passando de 2,8% de toda a oferta de energia interna em 2004 para 4,1% em 2014. A matriz energética do País é composta por diversas fontes, que também incluem, por exemplo, o petróleo e seus derivados, como a gasolina, e o gás de cozinha. O secretário de Planejamento Energético do MME, Altino Ventura, explica que esse cenário faz parte da política do Ministério de diversificação da matriz energética brasileira, que considera uma forma mais eficiente do uso de recursos naturais do planeta. “Essa composição de diferentes fontes faz com que o País tenha uma matriz mais limpa, porque ela tem uma participação pequena de emissões do chamados gases de efeito estufa, que contribuem para as mudanças climáticas no planeta”, disse.