Na era Espartana, os meninos – desde muito cedo – recebiam armas e eram obrigados a terem uma educação militar, a fim de que se tornassem guerreiros violentos. Assim como na antiguidade, na contemporaneidade a adultização de crianças obtém resultados nefastos, um deles, a erotização infantil. Não obstante, no Brasil a falta de atenção por parte dos familiares e a irrestrição de conteúdos midiáticos contribuem para o cultivo da problemática. A princípio, para preencher a escassez de tempo na vida dos filhos, os pais oferecem a tecnologia, o que facilita o contato a conteúdos inapropriados à um “clique” de distância. Isso, consoante a visão de Ray Bradbury no seu livro Fahrenheit 451, de que a família no mundo real, perderia espaço para a “família” (personagens) nos “telões”, tornando monótona e alienada a relação e o diálogo dentro da realidade. Tal fator se reflete no número de casos de gravidez precoce e no aumento de casos de abusos em menores devido ao afetado imaginário dessas crianças no que tange as relações interpessoais, transformando a infância destas, em algo inescrupuloso. Outrossim, todo o repertório cultural e social – músicas, redes sociais, aplicativos de vídeos, conteúdos televisivos, dentre outros – influenciam para a difusão de conteúdo inadequado ao público infantil. Assim, afirmando a tese do sociólogo Theodor Adorno de que o entretenimento é usado para anestesiar a capacidade de pensar e refletir, essas crianças ficam à mercê de conceitos errôneos sobre a vida e as pessoas. Com isso, tem-se a objetificação do corpo que abre caminho para a pornografia e prostituição infantil, fazendo com que os pequenos não tenham perspectiva alguma sobre outras condições de existência. Diante do exposto, cabe ao Ministério da Educação criar um projeto que inclua psicólogos nas escolas, com o intuito de criar grupos de diálogos entre as crianças e acompanharem o pensamento delas sobre as questões supracitadas. Depois, possam expor aos pais os resultados e assim instruí-los em como trabalhar a questão de maneira saudável. Ademais, é imprescindível que empresas privadas difundam um espaço na internet direcionado ao público infantil, objetivando a fuga de conteúdos inapropriados e preservando a infância. Dessa forma, diferente dos Espartanos, que eles cresçam para ser guerreiros, mas não por meio da violência e que seja no tempo certo.