O artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ratifica que as crianças devem gozar de todos os direitos inerentes á pessoa humana, e como protagonistas sociais em evolução, carecem de atenção extrema e cuidado. Entretanto, a erotização infantil configura-se como um problema que afeta negativamente os pequenos e o Brasil. Percebe-se então certa urgência na adoção de medidas que trabalhem esse transtorno e seus efeitos. Em primeira análise, vale pontuar que segundo o sociólogo Gilberto Freyre, o ornamento da vida esta na forma como um país trata suas crianças. A partir dessa perspectiva, a adultização precoce do infante não compromete somente o menor, tal situação abrange e prejudica a sociedade como um todo. Esse fenômeno crescente no país é agudizado principalmente pelo uso inapropriado e sem supervisão das mídias, em destaque a internet que por se tratar de uma ferramenta ágil e de fácil acesso expõe a criança a diversos conteúdos, muitas vezes inadequados a sua idade. Sendo assim, como afirma o ECA, o menor caracteriza-se por esta em processo de construção de sua personalidade e busca por auto-referênciação, por conseguinte ao encontrar nas mídias padrões comportamentais sexualizados acaba por repeti-los sem o devido discernimento, fato esse que prejudica seu desenvolvimento. Em segunda análise, tal problemática transcende a zona individual tornando-se uma questão de saúde pública, visto que a introdução antecipada na vida adulta é uma das principais causas para a gravidez na adolescência. Segundos dados do IBGE, o número de meninas grávidas de 10 a 14 anos dobrou no Brasil. Com efeito da erotização, as crianças estão acionando seus impulsos sexuais cada vez mais cedo e sem o devido preparo , já que é perceptível a falta de educação sexual resulta em um problema não somente para os menores mas para todo o corpo social. Para que o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente não seja apenas um documento teórico é necessário um envolvimento de todas as partes, pois como afirmava Emille Durkeim a sociedade é um organismo vivo composto de parcelas que cooperam entre si. Desse modo, não cabe somente aos pais supervisionarem o conteúdo acessado pelos filhos, é dever do Estado através do Ministério da Tecnologia a criação de ''software'' e programas com o intuito de fiscalizar oque esta sendo acessado na rede em concordância com a faixa etária. As escolas em parceria com os país devem gerar um ambiente acessível á discussões de questões, como por exemplo a sexualidade, com palestras, debates entre outro eventos a fim de tornar um ambiente acolhedor para que o infante possa tirar suas dúvidas e receber devido suporte. Somente assim, o ''corpo biológico'' idealizado por Durkeim poderá funcionar de forma coesa.