Título da redação:

Sociedade inclusiva

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 12/05/2018

Durante o século XX, com a instauração de governos totalitários na Europa, as crianças que nasciam com algum defeito físico eram eliminadas da sociedade, pois, segundo a lógica nazista, buscava-se construir uma raça superior. Hoje, quase cem anos depois, observa-se, ainda, a perpetuação de tal lógica excludente, a qual é percebida na invisibilidade das pessoas portadoras do autismo. Desse modo, convém destacar as barreiras enfrentadas por esse grupo social, bem como caminhos para mitigá-las. Cabe pontuar, em um primeiro plano, os desafios enfrentados pelos autistas no âmbito laboral. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de dois milhões de brasileiros autistas. Todavia, não obstante, percebe-se a ínfima participação dessa parcela na execução de altos cargos empresariais, o que denota a negligência do Estado e da sociedade moderna na inclusão dos autistas nas atividades diárias e, consequentemente, a instauração do darwinismo social. Dessa forma, a ideia de que os “normais” têm mais aptidão no exercício de certos ofícios acentua a disparidade entre os que portam ou não o autismo, condenando os autistas aos menores cargos. Vale ressaltar, ainda, os obstáculos que as pessoas portadoras do espectro autista encontram nas escolas. Conforme o francês Pierre Bourdieu, o desenvolvimento social constitui-se do “habitus primário e secundário”, sendo o segundo, por sua vez, caracterizado pela interação em ambiente escolar. Nesse viés, a dificuldade de comunicação – como característica do autismo – somada à indiferença dos demais estudantes, operam como contribuintes para o isolamento desses indivíduos no meio escolar. Dessa forma, vê-se que o “habitus secundário” dos autistas é prejudicado. Infere-se, portanto, a necessidade de medidas que proporcionem a inclusão dos autistas no meio social. Nessa perspectiva, é imprescindível a criação, por parte do Poder Legislativo, de um projeto de lei que estabeleça um percentual de vagas, em cada empresa, destinado aos autistas, com aplicação de multas àqueles que descumprirem a lei, a fim de promover a inclusão dos autistas no espaço trabalhista. Além disso, as instituições escolares devem atuar na criação de projetos que visem à integração social dos portadores de autismo nas atividades estudantis. Isso pode ser feito por meio de debates, com profissionais especializados, acerca dos desafios encarados por esses indivíduos, com o fito de promover uma reflexão nos discentes e quebrar paradigmas como o darwinismo social. Só assim, caminhar-se-á ao completo desenvolvimento social, e chegar-se-á à equidade proposta pelo Estado.