De acordo com o artigo primeiro da Constituição Federal de 1988, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a dignidade da pessoa humana. Entretanto, o cenário de exclusão vivenciada pelos autistas evidencia que a garantia prevista no dispositivo legal não está sendo cumprida. Nesse contexto, os dilemas que envolvem esse processo ocorrem, sobretudo, em decorrência de fatores sociais e políticos, fato que necessita de medidas. Em primeira análise, é importante ressaltar como o modo artificial em que as relações interpessoais são estabelecidas na atualidade contribuem para a dificuldade em inserir os portadores de autismo. Nesse sentido, consoante Zygmunt Bauman -filósofo polonês- em sua obra “Modernidade Líquida”, a atualidade é marcada pelo individualismo, o que faz com que as interações sociais se estabeleçam de forma momentânea e volúvel. Dentro dessa perspectiva, esse tipo de relação tende a acentuar a falta de empatia entre parte da população e os que possuem esse transtorno, fazendo que não seja desenvolvida uma estrutura para adequá-los aos diferentes setores de participação social, como em escolas. Consequentemente, há um cenário de exclusão desse grupo, o que é problemático para a sua formação psicossocial , além de ferir a pluralidade de uma sociedade democrática. Em segunda análise, é indubitável que a falta de investimentos do estado contribui para a problemática. Desse modo, seguindo a lógica do sociólogo Michael Foucault, em sua tese sobre biopolítica, o estado legisla para alguns viventes em detrimento de outros. Sob tal ótica, há uma negligência governamental em relação aos autistas, o qual não destina verbas suficientes para subsidiar desde o seu desenvolvimento educacional, até a sua entrada no mercado de trabalho. Isso pode culminar em um quadro preocupante, já que, ao não garantir recursos aos portadores de necessidades especiais, é dificultada a equiparação destes aos demais membros da população, podendo acentuar o contexto de desigualdade social do país. Portanto, fica clara a urgência em coibir essa preocupante realidade. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação, por meio da mídia,promova ações de merchandising social, por intermédio da inserção de termos referentes aos problemas enfrentados pelos autistas nos meios audiovisuais, como novelas, filmes e campanhas publicitárias, com vistas a melhor adaptá-los a viver em comunidade. Além disso, cabe ao Estado aumentar os investimentos relacionados a inserção dessa minoria, a fim de aumentar sua permanência em escolas, faculdades e nos empregos. Com essas medidas, essas dilemas serão, gradativamente, superados no país.