Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 05/06/2018

O seriado Atypical, produzido e distribuído pelo Netflix, aborda as dificuldades socioemocionais enfrentadas por um portador do espectro autista e, por conseguinte, estimula o debate sobre o assunto, socialmente negligenciado pelo corpo civil. Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem aproximadamente dois milhões de autistas no Brasil. Apesar do contingente significativo, a inclusão social dos indivíduos afetados pelo transtorno ainda é restrita no território nacional. Primeiramente, o autista encontra dificuldades não só em acessar o ensino regular, como também em ingressar no mercado de trabalho. Para o filósofo grego Aristóteles, justiça não consiste em tratar todos igualmente, mas assegurar a cada um o que é devido. Nesse âmbito, a legislação brasileira garante ao cidadão o direito à educação de qualidade. Todavia, a realidade expõe enclaves para efetivação da inclusão escolar dos autistas. Os principais desafios são a escassez de profissionais capacitados para adaptar a pedagogia de acordo com a necessidade do aluno e a frequente recusa por parte das instituições disciplinares em aceitar o estudante com o transtorno. Consequentemente, o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas é restringido. Além disso, a baixa contratação de autistas é reflexo direto do estereótipo propagado na sociedade, no qual o portador é visto como dependente de outrem. Assim, os empecilhos vigentes contribuem para progressiva marginalização do autista. Ademais, a exclusão social e o descaso governamental relacionam-se diretamente à perpetuação do preconceito. Nesse contexto, a falta de políticas públicas inclusivas acarreta dificuldades no desenvolvimento da autonomia e da interatividade social do indivíduo, visto que o mesmo encontra-se afastado do corpo civil. Outrossim, o velamento das discussões sobre o transtorno do espectro autista tanto no ambiente familiar, quanto no comunitário promove a ocultação dos dilemas enfrentados diariamente pelos portadores. Desse modo, a falta de conhecimento profundo sobre a diversidade das manifestações da doença e a interatividade social diferenciada vivida pelo autista contribui diretamente para a propagação de estereótipos. Logo, é preciso combater os problemas encontrados pelos autistas com o intuito de garantir-lhes acesso à cidadania plena. O Ministério da Educação deve financiar a formação de corpos docentes qualificados para educar os jovens portadores do transtorno dentro do ensino regular com o fito de promover a integração social do indivíduo e desenvolver ao máximo suas habilidades cognitivas. Cabe ao Ministério do Trabalho o investimento em cursos profissionalizantes gratuitos, bem como a reserva de vagas de emprego destinadas à autista a fim de inclui-los progressivamente no mercado de trabalho. Por fim, é necessário que as instituições de ensino, em parceria com suportes midiáticos, divulgue informações e promova debates acerca do assunto com o intuito de reduzir, a longo prazo, o preconceito incrustado na sociedade e, por conseguinte, estimular a inclusão do autista no corpo civil.