Conforme defendeu o filósofo Tomá de Aquino, a justiça é a base de uma sociedade democrática, na qual todos devem ter direitos e deveres iguais. N o entanto, no Brasil, a isonomia proposta pelo estudioso não é amplamente respeitada, haja vista as dificuldades enfrentadas pelos autistas para a inclusão social. Sendo assim, deve-se analisar como a questão constitucional e o pensamento coletivo contribuem para a cristalização do problema. É inegável que o fator legislativo esteja entre as causas do impasse. Isso porque, embora a Lei Berenice Piana garanta acessibilidade a serviços públicos a autistas, como educação, o Estado não fiscaliza as instituições e assim não se pode ter um panorama da oferta e qualidade de ensino a essa parcela da sociedade. Dessa forma, aproveitando -se dessa ineficiência, algumas escolas particulares negam o ingresso desses estudantes e até cobram valores adicionais. Há também escolas públicas que não têm profissionais capacitados e muito menos uma preparação pedagógica que supra tais necessidades. Além disso, nota-se, ainda, que o preconceito atua como impulsionador dessa problemática. Isso decorre da falta de conhecimento da sociedade a respeito da doença. Por essa razão, muitas pessoas que sofrem com esse distúrbio são humilhadas e marginalizadas, uma vez que fisicamente perfeitos são confundidos com pessoas ditas normais e assim não têm as suas ações e reações compreendidas. Em síntese, é imprescindível que políticas de esclarecimento sejam implantadas no Brasil, pois segundo estimativa da USP, há no país cerca de 2 milhões de autistas. Torna-se evidente, portanto, que há barreiras que impedem a integração. Em razão disso, o Ministério Público deve fiscalizar e penalizar escolas que se negam a receber esses alunos. Ademais, o Ministério da Educação, em parceria com ONG's e psicólogos, deve elaborar um plano educacional multidisciplinar de capacitação de professores, com o intuito de desenvolver as habilidades de autistas e propor atividades diversificadas que respeitem as necessidades individuais. Outrossim, é importante que a mídia produza campanhas de abrangência nacional como forma de estímulo a desconstrução de uma concepção intolerante. Assim, gradativamente, as barreiras que impedem a igualdade serão minimizadas no país.