Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 07/05/2018

Raciocínio concreto. Dificuldades interacionais. Afetividade contida, introspecção. Essas são algumas das características, romantizadas em narrativas como a de "Forrest Gump, o contador de histórias", do Transtorno do Espectro Autista, uma condição neuroclínica cujas causas ainda são um mistério e o diagnóstico ainda é de difícil conclusão. No Brasil, é de 2012 a legislação que reconhece o sujeito autista como alguém que necessita de uma atenção diferenciada da sociedade. Esse fato mostra que o país é mais um, dentre tantos, que ainda tem muito o que caminhar para resolver essa questão. Nesse complexo contexto, que envolve família, escola e Estado, por onde começar? Primeiramente, é importante destacar que, devido aos diferentes graus apresentados pelo transtorno, somado à falta de campanhas nacionais de conscientização que transmitam informação à população, as famílias têm dificuldades notórias em reconhecer a condição entre seus entes queridos. Qualidades que podem facilmente ser confundidas com a timidez de uma personalidade mais contida traçam limites nebulosos entre o que pode ou não ser considerado dentro da normalidade. Ademais, adiciona-se a isso o cenário em que os responsáveis, no caso de crianças, resistem ao diagnóstico, o que potencializa um estigma que pode abrir portas para o bullying no ambiente escolar. Dessa maneira, a criança ou jovem com Asperger acaba tendo que conviver não só com a ignorância da sociedade, refletida entre os muros escolares, como também com o despreparo dos profissionais de ensino para lidar com a questão. A inexistência de disciplinas que abordem essa questão nos cursos brasileiros de pedagogia e licenciatura, bem como da exigência de estágios em instituições que trabalhem com o público portador da síndrome, forma professores e pedagogos com uma lacuna a preencher. Nesse sentido, os estudantes acabam dependendo da sensibilidade alheia e, assim, correndo grande risco de serem subaproveitados pelo ambiente e pelas pessoas que deveriam estimular a concretude de suas mentes singulares. Logo, fica claro que o trato com sujeitos autistas ainda é um desafio . A fim de se mudar esse quadro, é notório que o primeiro passo deve ser dado pelo Estado: ele deve promover uma revisão curricular no ensino superior que contemple o ensino de estudantes portadores do transtorno, e exigir o cumprimento de estágio docente em instituições que trabalhem com esses alunos. Além disso, é de extrema necessidade que o governo ofereça uma sólida reciclagem de professores e, para tal, ele deve lançar editais de pesquisa que se debrucem em entender os mistérios dessa condição. Só assim seria possível produzir conhecimento sobre o assunto e organizar campanhas nacionais de conscientização, garantindo aos brasileiros com o espectro uma qualidade de vida mais digna.