Título da redação:

O mundo por dentro do espectro

Tema de redação: Os dilemas encarados pelas pessoas autistas na sociedade brasileira

Redação enviada em 29/10/2018

“Eu sou estranho, sou novo/ Eu me pergunto se você é também/ Ouço vozes no ar/ Eu vejo e você não, isso não é justo/ Eu quero não me sentir triste [...]”. Essa é a passagem de um poema do Benjamin Groux, de 10 anos. Ele, assim como milhares de crianças no mundo, foi diagnosticado com autismo, um distúrbio psiquiátrico que afeta a comunicação, o aprendizado, as relações e as adaptações de pessoas dentro espectro. No Brasil, essas pessoas correspondem a dois milhões de brasileiros, que precisam, diariamente, enfrentar diversos dilemas, devido à falta de assistência do governo. Alguns neurônios não são ativados ao longo do desenvolvimento do cérebro de crianças autistas, consequentemente, certas habilidades psíquicas são afetadas. Contudo, se o indivíduo dentro do espectro tiver um diagnóstico no início da formação e um tratamento direcionado, ele consegue ativar parte desses neurônios, o que aumenta as chances de grandes evoluções da criança. No entanto, segundo um relatório divulgado pela universidade Mackenzie, enquanto, nos Estados Unidos, os diagnósticos de autistas são feitos, na maioria, até os três anos de idade, no Brasil, grande parte só é diagnosticada entre os cinco e sete anos. Isto é, os diagnósticos, neste país, devido à falta de médicos preparados e de equipamentos adequados, são tardios e, assim, as crianças têm uma evolução inferior em relação às daquele país. Além disso, no Brasil, além de existirem pouquíssimas instituições educacionais direcionadas às crianças autistas, as escolas regulares não possuem profissionais treinados em número suficiente para atender a demanda. Desse modo, há uma grande evasão escolar dessas crianças. Comprovado pela pesquisa feita em 13 centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi), na Região Metropolitana do Rio, que revelou que 48% dos autistas de 4 a 17 anos estão fora das salas de aula. Depreende-se, portanto, que os indivíduos dentro do espectro enfrentam diversos dilemas no cotidiano. Sendo necessário que o Ministério da Educação construa, em regiões metropolitanas, escolas especializadas para esses indivíduos em número proporcional a quantidade de crianças diagnosticadas no estado. Essas escolas devem possuir psicopedagogos, fonoaudiólogos e neuropediatras, que passarão atividades direcionadas a fim de melhorar a capacidade cognitiva e motora, a socialização e a autonomia desses jovens. Assim, diminuir-se-ão as evasões escolares e aumentar-se-á a inclusão e a melhorias dos autistas.