O documentário "Pro Dia Nascer Feliz", de João Jardim, evidencia diversos problemas dentro do ensino nacional. Em Pernambuco, uma escola sem carteiras, sala de aula com o chão de terra, sem giz e banheiros sem papel higiênico. No Rio de Janeiro, um colégio com grades e ameaçado pela criminalidade. O documentário da década passada mostra uma realidade que, infelizmente, ainda é atual. Nela, os professores brasileiros enfrentam diversos desafios. Contudo, destacam-se a baixa remuneração e as péssimas condições de trabalho. Primeiramente, vale ressaltar que no Brasil os professores ainda sobrem com o baixo piso salarial. Corroborando tal descaso, a OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - divulgou que os educadores brasileiros estão entre os que menos recebem no mundo. Dessa forma, infelizmente, sobrecarregam seus horários com aulas extras para suprir a defasagem salarial. Logo, quase não há tempo para investirem em cursos de capacitação, mestrado ou doutorado. Além disso, não raramente, encontram-se exauridos - tanto fisicamente quanto psicologicamente - como mostra o documentário do cineasta brasileiro. Segundamente, também destacadas no documentário, estão as péssimas condições de trabalho que acentuam tal desgaste desses profissionais. Com os lamentáveis investimentos na educação, as escolas não possuem os materiais e estruturas necessárias. Outrossim, a OCDE afirma que o Brasil lidera o ranking da violência contra os professores. Tal dado fortalece o quanto o ambiente de trabalho não é favorável aos educadores. Ao contrário do que ocorre no Brasil, na Finlândia, após a Revolução Educacional de 1970, a profissão de professor tornou-se a mais valorizada no país. No país nórdico, o Estado investe, desde a década de 70, uma porcentagem grandiosa de seu PIB na educação, voltando-se, principalmente, na estrutura dos colégios e capacitação dos professores. Tornou-se, pois, referência educacional no mundo todo. Em suma, para solucionar os problemas enfrentados pelos professores, cabe ao Governo do Estado aumentar, por meio de uma emenda constitucional, a porcentagem do PIB destinada à área da educação. Tal dinheiro seria investido no aumento do piso salarial mínimo dos professores, capacitação desses e melhoria nas estruturas escolares. Por conseguinte, com melhores salários e condições de trabalho, os professores poderão exercer dignamente sua profissão e, por fim, receber a valorização que merecem. Destarte, o documentário de João Jardim será, finalmente, algo do passado.