Título da redação:

O indígena em pauta no século XXI

Tema de redação: A questão indígena no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 06/07/2018

Na famosa Carta de Pero Vaz de Caminha ao governo lusitano durante a colonização do Brasil, os nativos são descritos, sob a ótica de soberania portuguesa, como um povo que precisa ser catequizado e civilizado. Hodiernamente, tal visão etnocêntrica permanece intrínseca à sociedade brasileira, evidente na falta de representatividade desses grupos e na necessidade de lutas pela garantia de direitos fundamentais, que deveriam ser inerentes a eles. Nesse contexto, há fatores que permanecem negligenciados pela democracia nacional, exigindo diretrizes para combater o impasse, como as demarcações territoriais e a discriminação cultural. Analogamente, Macunaíma, livro de Mário de Andrade publicado em 1928, é considerado um dos principais romances modernistas. A obra é uma rapsódia sobre a formação do Brasil, em que vários elementos nacionais se cruzam numa narrativa que conta a história de Macunaíma, um índio, o herói sem nenhum caráter. Sob a perspectiva dessa obra, convém frisar a discrepância e a estereotipização da pluralidade cultural dos indígenas no Brasil. Os nativos são vistos como preguiçosos e traiçoeiros por grande parte da população brasileira, de acordo com o documentário, Índios no Brasil, produzido pela TV Escola. Em contrapartida, todos os anos as crianças se pintam e constroem um cocar para comemorar o dia do índio nas escolas, porém desconhecem o modo de vida e a luta dos povos que restaram, uma vez que as instituições de ensino não são orientadas a ensiná-los. Em consonância, está a visão capitalista de órgãos governamentais que priorizam o lucro em detrimento de valores sociais de uma minoria. Com o agronegócio representando mais da metade do PIB do Brasil e com a presença de bancadas ruralistas no governo, o direito à grandes extensões de terra para a manutenção do modo de vida dos índios é dificultado e frequentemente violado, causando inúmeras mortes e até mesmo a extinção de etnias em conflitos de posse. Recentemente, ocorreu um conflito no Maranhão entre índios e fazendeiros, causado pela posse de uma área que está há três anos em embate para devolução ao povo Gamela. Dessa forma, é preciso aliar interesses econômicos do país às necessidades sociais de seu povo. Infere-se, portanto, que a visibilidade da questão indígena na sociedade e no campo político transfiguram caminhos eficientes para o combate aos impasses vigentes. Para isso, faz-se mister que o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Educação promovam oficinas sobre as culturas indígenas nas escolas, a fim de preservar a pluralidade e a memória dos nativos. Além disso, esses órgãos, juntamente com ONGs, devem divulgar campanhas nos meios televisivos e de internet sobre a importância desses povos na construção da identidade nacional, com o fito de gerar na sociedade o sentimento de pertencimento à luta dessa classe. Ademais, cabe ao Governo Federal dar voz aos principais afetados, discutindo acordos de posse de terras com a participação da FUNAI e de líderes indígenas, na tentativa de conciliar interesses divergentes. Diante disso, o país poderá caminhar lentamente rumo à resolução da problemática.