Historicamente a população indígena têm tido seus direitos violados pela intervenção cultural e territorial de povos que, por intermédio de uma visão etnocêntrica, inferiorizam e desrespeitam a figura do índio. No Brasil, esse processo ocorreu inicialmente por meio da colonização portuguesa, intensificou-se com a violenta expansão territorial dos bandeirantes e só foi questionado quando da criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), pelo Marechal Random, em 1910. A Constituição Federal, de 1988, reconhece oficialmente os direitos indígenas a cidadania, ao respeito à identidade e organização social, costumes, línguas e tradições; todavia, sabe-se que, mesmo com o amparo constitucional e de instituição como a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), as populações indígenas ainda enfrentam vários desafios dentro do contexto contemporâneo de sociedade brasileira. A luta por reconhecimento cultural, por maior participação nas decisões políticas e a busca pela demarcação de terras tradicionalmente ocupadas, estão no centro das reivindicações de um povo que luta por espaço dentro de um território originalmente a ele pertencido. O avanço da fronteira agrícola e a resistência da bancada ruralista em conceder apoio a projetos favoráveis as questões territoriais podem ser apontadas como um dos principais problemas enfrentados pelos índios, visto que, interesses conflitantes de ambos os lados acabam, muitas vezes, inviabilizando um diálogo mais objetivo sobre o tema. Dessa forma, além de impedidos de tomarem posse de espaços seus por direito, eles são ainda desrespeitados e privados das decisões de seus interesses, uma vez que, quem delibera sobre essas questões são os parlamentares que não tem pretensão nenhuma de favorecer esse tipo de reivindicação. Há, portanto, a necessidade de implementação de ações que visem articular a ampliação da cidadania a esses indivíduos e com isso diminuir as desigualdades a que são submetidos. Mediante a adoção de mecanismos que agilizem a burocracia da demarcação das terras indígenas, projetos culturais que aproximem a cultura nativa a outros segmentos sociais, juntamente com a elaboração de encontros periódicos com indígenas e representantes do governo federal para um debate sobre necessidades e reivindicações desse grupo, poderíamos enfim enfrentar esses problemas com uma visão que não inferioriza, mas sim reconhece esse povo como co-autor da construção da identidade brasileira.