José de Alencar, um dos expoentes no romantismo brasileiro, em sua trilogia indianista, sobrepõe ao índio o título de herói nacional. Contemporaneamente, embora haja teórico progresso científico e sociológico, os indígenas ainda não são contemplados com o exercício pleno de seus direitos; isso se deve à desvalorização da cultura nativa em paralelo à demarcação falha de terras destinadas a eles. A visão evolucionista da civilização humana, proposta pelo antropólogo Edward Taylor, ainda permeia-se na atualidade por meio do subjugamento da cultura nativa pela maior parcela da população brasileira. A crença de que o índio obrigatoriamente deve estar restrito à natureza é incorporada como justificativa pelos governantes para a limitação de sua cidadania e também para a manutenção da ausência de acesso à saúde e à educação próximo às tribos. Em uma segunda perspectiva, poucas terras são destinadas legalmente aos nativos. Quando não é regularizado, o território indígena torna-se suscetível à construção de hidrelétricas, à extração ilegal de recursos naturais e também a ações violentas de alguns fazendeiros, que desejam utilizar as terras para a atividade agrícola; isso contribui para o aumento da mortalidade dos moradores das tribos, uma vez que o espaço desejado deve ser desocupado. Portanto, medidas deverão ser realizadas com o objetivo efetivar os direitos dos índios. Faz-se necessário que o Ministério da Justiça, sob a forma da Fundação Nacional do Índio, reformule políticas públicas que garantam o acesso aos direitos sociais mediante a construção de unidades de saúde coletiva - em paralelo à contratação de profissionais da saúde para que trabalhem nelas - de centros educacionais de Ensino Fundamental e Médio e também mediante a legalização dos territórios já ocupados por comunidades indígenas com o intuito de oferecer condições legítimas de vida para a preservação dos primeiros brasileiros. Apenas sob tal perspectiva, o índio idealizado por José de Alencar poderá se tornar o verdadeiro herói nacional.